segunda-feira, 30 de maio de 2011

Toada do Amor

Preciso reproduzir aqui um outro poema de Drummond que diz muito, pra mim.
Mais uma identificação!
E afinal, que graça a vida teria sem o amor? Só ele mesmo para voltar e perdoar!
Ah, o amor...

Toada do Amor
Carlos Drummond de Andrade

E o amor sempre nessa toada!
briga perdoa perdoa briga.
Não se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece.
Só o amor volta para brigar,
para perdoar,
amor cachorro bandido trem.

Mas, se não fosse ele, também
que graça que a vida tinha?

Mariquita, dá cá o pito,
no teu pito está o infinito.

Abç... Patrícia

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Na neurose eu me completo.

Mesmo o sono me dominando e a vontade de ir logo para cama, senti uma necessidade muito grande de escrever aqui hoje.
Na verdade, o assunto no qual pensei, foi mais um olhar crítico sobre algumas atitudes e fatos.
Todos nós temos nossas qualidades, defeitos, características, medos, afetos, e milhares de coisas mais, pelas quais me estenderia muito aqui. Mas, de todas as coisas que passou pela sua cabeça neste exato momento, qual delas é mais forte em você? Qual determina mais suas ações e seus pensamentos? Quais mais e menos te agradam? Esse exercício sempre pareceu muito fácil, na verdade o vejo camuflado na hipocrisia da facilidade daquilo que muito deveria ser explorado.
Outra coisa que sempre me intrigou é a prevalência das coisas ruins sobre as coisas boas. E isso taí, basta você ligar a TV para poder comprovar. Todas as suas atitudes boas se minimizam diante de uma completamente desagradável. E nisso também me questiono: qual o valor delas? Quantitativo não poderia ser; qualitativo talvez, embora ache extremamente relativo.
Ainda estou tentando colocar coisas na balança, claro, em vão. Cada coisa tem seu peso subjetivo, seu peso conveniente, seu peso imaginário e até mesmo seu peso falso, mas nunca um peso verdadeiro, porque o verdadeiro varia naquilo o que VOCÊ acredita que seja verdade.
Freud, na minha opinião, foi muito feliz quando teorizou que todos somos neuróticos. Cada um com seu grau de neurose, mas ninguém escapa desta condição.
E lá vamos nós, tristes e reles mortais fazendo da vida uma neurótica.
O que estou tentando trazer nesse post, que para mim está mais parecendo um devaneio, é que as coisas ruins muitas vezes nos satisfazem. Mas porque elas deveriam nos satisfazer? Por que o sadismo se sobrepõe a tantas outras coisas que podem ser muito mais fortes e mais satisfatórias do que ele?
Por que temos tanta dificuldade em sair dessa nossa condição de sofredores, de mal-amados, de abandonados, de perdidos e tudo mais que tenha de ruim nessa vida, e deixar o que temos de bom dentro de nós fluir?
O psiquismo é uma coisa tão doida, que enquanto você está aqui, lendo tudo isso e achando que está fazendo uma determinada interpretação, ele já te enganou, meu caro. Porque a interpretação dele vai muito além do consciente.
E fazendo um grande esforço para chegar naquilo que realmente gostaria de dizer, eu digo que precisamos olhar para nós como senhores de extrema alienação de nossa condição, mas de uma alienação que pode ser extinta (ou pelo menos se tentar). Podemos sim, nos tornar aquilo que muito almejamos ser ou estar. Somos humanos, cometemos erros intermináveis, mas sabemos reconhecê-los, temos a capacidade de mudá-los ou melhorá-los. Somos uma completa metamorfose. Mas para isso devemos dar o primeiro passo: assumir que não somos perfeitos, mas que podemos ser melhores.
Termino dizendo que todos somos dignos de uma segunda chance, todos somos capazes de enxergar aquilo que é bom e que está ao seu lado ou em si mesmo. Deixemos um pouco de lado esse mundo neurótico que tanto nos quer ver pior. Vamos olhar para dentro, enxergar as coisas ruins, mas com muita ênfase, as coisas boas.
Talvez você tenha se identificado um pouco ou muito ou não entendeu praticamente nada daquilo que descrevi, mas minimamente você compreendeu e sabe que possui um lado positivo, que pode ser distorcido, mas é positivo.
Isso foi um desabafo de uma pessoa que "lucidamente" enxerga todas estas coisas, mas na ação volta a ser uma criança necessitando que alguém a ensine... mas não tem!
Abç... Patrícia.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Recaídas não são bem-vindas.



"Depois da recaída fica a lástima de entrar em rua sem saída."


Marta Felipe




Algumas coisas que acontecem nos fazem procurar intensamente o caminho de volta, mas nos sentimos realmente, numa rua sem saída.
Algumas coisas se ajeitam rápido, outras demoram um pouco mais. Mas sempre tenho uma triste sensação de ter que senti-las novamente.
Eu sempre tive pressa, nunca soube muito bem como lidar com o relógio. Mas agora sinto que tenho uma grande necessidade em fazê-lo meu amigo.

Ouvi de minha psicológa uma frase (no sentido figurado) sobre as recaídas, que nunca me esquecerei: "Imagine que você está caminhando em uma estrada cada vez melhor e no meio dela há um buraco. Para atravessá-lo, você precisa voltar para dar impulso e assim poder pulá-lo para continuar seguindo nessa estrada."

Muitas vezes não queremos conviver com aquilo que já fomos, mas precisamos aprender o que ele tem a nos ensinar.
Abç... Patrícia.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pós-scriptum

"Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."
Vinicius de Moraes

 
Àqueles que estiveram ao meu lado em uma situação inédita e inesperada, mostrando que para tudo tem solução. Família, amigos, amor.
Obrigada.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sem Vestígios

(Texto publicado originalmente no extinto blog "Zine Pasárgada")



Para quem gosta e se interessa pela história do Brasil, mais precisamente pelo período da Ditadura Militar, o livro "Sem Vestígios" (2008) traz histórias importantes do início da resistência, desde a Guerrilha do Araguaia, até as manifestações nas grandes cidades. O livro é escrito baseado nos relatos de um agente secreto militar já aposentado, que decide revelar o que soube e o que viu pois diz ser muito difícil e doloroso conviver com estas lembranças. Desde acontecimentos que não foram divulgados, à fotos famosas sobre momentos importantes da luta contra a Ditadura Militar.

Há também um vídeo feito em um dossiê sobre a Ditadura pela emissora Globo News, onde o General Leônidas, responsável pelo DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) do Rio de Janeiro e ex-ministro do Exército Brasileiro é entrevistado e dá a versão militar dos fatos.

São contrastes fortes sobre um mesmo período onde cada um tinha sua ideologia política.

Esse período ditatorial do nosso país até hoje tem grande repercussão. Ainda muitos não sabem o que realmente aconteceu com seus familiares ou amigos, devido à arquivos ainda confidenciais. Também no livro, o militar aposentado relata que a polícia não guardava provas daquilo que fazia, para que isso um dia não viesse à tona e fossem punidos. Porém, muitos oficiais por vaidade de seus atos, registraram momentos e informações que podem revelar qual o destino de militantes que sumiram, desde o Araguaia.

A OAB do Rio de Janeiro há tempos vem divulgando uma campanha de abaixo-assinado para a abertura dos arquivos. Quem se interessar, é só acessar o link, assinar e poder ajudar as famílias que ainda procuram seus entes.
CAMPANHA PELA MEMÓRIA E PELA VERDADE! http://www.oab-rj.org.br/forms/abaixoassinado.jsp

Mais informações sobre o livro:
Sem Vestígios - Revelações de um Agente Secreto da Ditadura Militar Brasileira
Autor: Tais Morais
Editora: Geração Editorial
Ano Edição: 2008

Abç... Patrícia.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Estradas são feitas de escolhas.


Recentemente recebi em sala de aula de um querido professor, o Manual de Estágio do Curso de Psicologia. Não saberei especificar aqui qual exatamente foi o sentimento desencadeado naquele momento. Talvez a angústia tenha se sobressaído, mas seria injusto listá-la apenas.

A única coisa que sei dizer, é que toda a história acadêmica passa na sua frente como um filme, e você se lembra dos primeiros anos, onde o estágio e a atuação prática eram tão sonhados e desejados. Ficamos todos perdidos, desamparados, ansiosos, com medo, com dúvidas e sem saber qual caminho tomar. Tantas opções, tantos campos, tantas vidas...

Assumir essa posição, significa deixar para trás aquela posição de aluno inexperiente. É sair da posição passiva para a ativa. É sair da condição da alienação prática, e tornar concreto aquilo que você passou anos estudando. Mas toda escolha é seguida de angústia.

A angústia que nos toma e nos preenche, e também nos faz indagar se seremos suficientemente bons naquilo que estudamos. A angústia de não tornar a vida de alguém melhor ou mais leve. E isso é carregado por dias, semanas e meses, até você mostrar para si mesmo do que é capaz.

Para fazer essa escolha, preciso abrir mão daquilo que sou hoje para aquilo que quero ser amanhã. Toda escolha significa um "abrir mão", significa um passo diferente num caminho desconhecido, e o desconhecido sempre nos intriga, nos amedronta e nos angustia.

Mas como seriam construídas as nossas estradas sem estas escolhas? Como iríamos mudar o caminho sem virar à esquerda ou à direita? Assim, o caminho seria sempre o mesmo, não seria incerto e angustiante, mas seria sempre o mesmo. E de que valeria tanto tempo, tanto estudo, tanta aprendizagem, tanto amadurecimento, tanto esforço para se seguir o mesmo caminho? Sempre penso que o medo não pode ser mais forte do que isso, ou pelo menos não deveria.

Não há estrada sem buracos, sem retornos e sem desvios. Há estradas com retas contínuas ou com saídas diferentes, os quais somos nós quem decidimos qual caminho tomar. A angústia faz parte, o medo é um bônus, a insegurança vem escondida na mochila, mas todos eles podem se perder no trajeto.

E assim fiz minha escolha, com todos estes sentimentos juntos, mas com a satisfação de quem encontra aquilo que por tantos anos procurou. Consegui então, distinguir tais sentimentos que antes eram tão simbióticos.

Fiz dessa publicação uma página de um diário. Realmente precisei exteriorizar essa angústia, afinal não foi em vão que aprendi que é com a superação da mesma que o sujeito se liberta e movimenta a grande roda da metamorfose, enxergando novos horizontes.

E lá vou eu, por mais uma nova estrada.

Abç... Patrícia.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Romaria, pros meus (ou seus) pecados.

Provavelmente até terminar de ler o livro de poemas de Carlos Drummond de Andrade, algumas eu estarei colocando aqui, porque me chamam a atenção.
Ontem li o "Romaria" onde ele fala dos homens que pedem à Jesus coisas boas, mesmo com todas as coisas ruins que fazem. Isso também me fez recordar aquilo que escrevi na publicação "Até onde vai nossa tolerância?" onde disse que o ser humano se sente menos culpado por seus atos, quando alguém é mais maldoso do que ele, e que também aquilo que quero se sobrepõe aos valores, meus e seus. Me fez também pensar no recente fato da morte de Bin Laden, onde todos os americanos foram às ruas para comemorar a morte de uma pessoa. Mas para eles, nada mais justo, "matamos aquele que matou nosso povo, Deus irá nos perdoar."
E assim seguimos, sempre achando que a nossa "cruz" é maior do que qualquer pessoa, independentemente de nossos atos desprezíveis.
Segue o poema de Drummond:

Romaria

Os romeiros sobem a ladeira
cheia de espinhos, cheia de pedras,
sobem a ladeira que leva a Deus
e vão deixando culpas no caminho.

Os sinos tocam, chamam os romeiros:
Vinde lavar os vossos pecados.
Já estamos puros, sino, obrigados,
mas trazemos flores, prendas e rezas.

No alto do morro chega a procissão.
Um leproso de opa empunha o estandarte.
As coxas das romeiras brincam no vento.
Os homens cantam, cantam sem parar.

Jesus no lenho expira magoado.
Faz tanto calor, há tanta algazarra.
Nos olhos do santo há sangue que escorre.
Ninguém não percebe, o dia é de festa.

No adro da igreja há pinga, café,
imagens, fenômenos, baralhos, cigarros
e um sol imenso que lambuza de ouro
o pó das feridas e o pó das muletas.

Meu Bom Jesus que tudo podeis,
humildemente te peço uma graça.
Sarai-me, Senhor, e não desta lepra,
do amor que eu tenho e que ninguém me tem.

Senhor, meu amo, dai-me dinheiro,
muito dinheiro para eu comprar
aquilo que é caro mas é gostoso
e na minha terra ninguém não possui.

Jesus meu Deus pregado na cruz,
me dá coragem pra eu matar
um que me amola de dia e de noite
e diz gracinhas a minha mulher.

Jesus Jesus piedade de mim.
Ladrão eu sou mas não sou ruim não.
Por que me perseguem não posso dizer.
Não quero ser preso, Jesus ó meu santo.

Os romeiros pedem com os olhos,
pedem com a boca, pedem com as mãos.
Jesus já cansado de tanto pedido
dorme sonhando com outra humanidade.

Abç... Patrícia.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

E temos todos fome de bola...

(Texto publicado originalmente no extinto blog "Zine Pasárgada")


É realmente incrível o tempo que o futebol toma do brasileiro, seja para vibrar, provocar ou criticar. Claro que todos nós já percebemos isto, mas a cada vez que torno a voltar à um estádio isso fica muito mais evidente e cristalizado.

Nos 90 minutos vemos de tudo: alegria, indignação, raiva, euforia e tudo aquilo que o futebol pode nos proporcionar, mas a emoção é inerente a todos, tanto aos espectadores quanto aos jogadores. Emoções de lados opostos, emoções distintas, porém emoções.

Uns se calam num silêncio ensurdecedor, outros gritam até sua voz virar silêncio, a paixão muda de intensidade, a opinião crítica oscila no conhecimento, a expressão muda de cara. Mas todos estão lá, no sentido duplo do entendimento. Todos estão total ou parcialmente ali, com pouca ou muita atenção, mas estão. O futebol envolve, apaixona, irrita, entristece ou alegra, mas movimenta as emoções numa engrenagem completamente ativa e intensa, até você perceber que ele te invadiu sem precisar da sua permissão.

Dedico essa publicação ao querido Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba que parou sua cidade no último sábado com a conquista do Penta Campeonato da série A2 e que fez a cidade inteira perceber o quanto a emoção do futebol nos invade. Time guerreiro do interior caipira que está de volta à elite do futebol paulista, merecidamente.

Abç... Patrícia.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Aceitamos sugestões. Obrigada e volte sempre.

É engraçado perceber que a falta de assunto pode virar assunto.
Estou há dias procurando um bom tema tanto para este blog, como para o novo blog que também estarei escrevendo. Mas a minha inspiração sempre veio das situações vivenciadas no dia a dia ou nos assuntos emergentes que sempre nos entretem.
Embora muitas situações estejam prendendo a minha atenção nos últimos dias, como o casamento real, a morte de Bin Laden e até as discussões rotineiras do cotidiano, não consegui achar o tema privilegiado para tal publicação. Não ousarei a falar de Bin Laden, pois, ignorância assumida, não tenho conhecimento nenhum da política que envolve todo este assunto (infelizmente). E nem falarei aqui do casamento real, pois muitas revistas, jornais, sites, etc e tal já fizeram isso por mim. E não, não fui convidada para o casamento, como todos escreveram no facebook. Continuo sendo da plebe.
Por outro lado, toda esta falta de assunto, virou assunto! E senti vontade de escrever sobre essa falta, que virou sobra. Pouco, mas sobrou.
E vi também que não escrevo textos românticos, apesar de querer muito.
Percebi que gosto do questionamento, da crítica (positiva ou não), da informação, da filosofia e do blá blá blá. E assim eu fico sempre me questionando: Qual meu tema de hoje? E nada vem...
Isso até me fez sentir (um pouco, é claro) literária hoje. Mas mesmo assim minha procura continua.
Em todo caso, aceitamos sugestões. Obrigada e volte sempre.
Abç... Patrícia.