sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A morte como vilã.

Desculpem-me o grande tempo que fiquei sem postar, mas a correria do cotidiano me consome.
Hoje retornei para escrever sobre a morte, o que pode soar muito negativo. Mas será que não devemos encarar a morte de uma outra maneira?
Não se pode negar que ela traz muita tristeza, sofrimento, saudades e um grande luto (que as vezes nos parece interminável). Mas será que todo esse pensamento em relação à morte não se deve ao grande sentimento de onipotência que o homem adquire sobre a vida?
Não aceitamos perder, da forma mais ampla possível. Não aceitamos perder um jogo, um emprego, um amigo, um amor, e quem dirá sobre perder alguém que está ao nosso lado... para sempre! Não conseguimos nos confortar com a situação de não ter mais um ente querido ao nosso lado, nos esquecemos que a morte é algo já determinado em nossas vidas, desde a hora em que passamos a existir. E por que será que o único fato pelo qual temos certeza na vida, nos traz tanto medo?
Muitas vezes deixamos que esse medo se sobreponha aos nossos valores éticos e morais. Até que ponto podemos lutar pela vida de alguém, e até ponto podemos decidir pela vida de alguém? Nos esquecemos que cada ser humano tem direito sobre sua vida e a maneira pela qual escolheu vivê-la.
O avanço da medicina nos fez acreditar que podemos prolongar a vida de uma pessoa até onde nos é conveniente. Esse avanço fez com que ignorássemos o desejo daquele cujo direito lhe pertence. Prolongamos cada vez mais a vida de alguém pelo simples fato de querermos a pessoa ao nosso lado. Somos dominados por um grande sentimento de egoísmo, não aceitando o sofrimento da perda, o que nos faz esquecer daquele que nos é próximo, cujo sofrimento possa ser maior que o nosso.
Este grande avanço que o homem proporcionou em todos os sentidos e áreas da vida, o fez acreditar que tem o poder sobre todas as coisas, inclusive da morte, o que felizmente não é verdade. Devemos passar a encarar a morte de uma outra maneira, pois só assim poderemos conviver melhor com ela. Devemos entender que não nos é permitido a imortalidade, e essa tão sonhada onipotência. Somos seres vivos, e como todos os outros, morremos. A vida para quem ficou, continua, lógico que com vários lutos para serem elaborados, mas não há como negar que após essa elaboração, nos fortalecemos muito mais para a vida, pois renovamos o sentido dela, e passamos (ou deveríamos) a encarar a morte como um fato irreversível, que é inerente ao ser humano.
O respeito ao próximo deve ser contínuo, e a lembrança de que cada um tem a livre escolha de como quer viver ou morrer também deve se manter constante. Embora a morte muitas vezes nos pareça injusta, para alguns talvez seja a melhor saída.
Então talvez devessemos nos familiarizar com este futuro que não nos foge, buscando viver da melhor maneira física e psiquicamente, pois só o agora nos pertence.
Abç... Patrícia.