sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Feliz Ano Velho

(Texto publicado originalmente no extinto blog "Zine Pasárgada")

E depois de tanto tempo, cá estou.
Pode parecer a mesma desculpa de sempre, mas realmente o final da graduação, os estágios e todos os relatórios estão quase levando embora minha sanidade mental. Quase.

Hoje vim até aqui pra indicar a leitura de um livro que terminei de ler nesta semana (confesso que a descoberta foi um pouco tardia, pois o livro foi lançado em 1982) que foi indicada por uma querida professora, orientadora de estágio.
O livro chama-se "Feliz Ano Velho", do autor Marcelo Rubens Paiva. Muitos já devem ter lido ou até ouvido falar. Mas super aconselho a leitura para aqueles que ainda não o conhecem.


O livro chegou até mim devido ao meu campo de estágio, onde atuo com deficientes físicos, atletas de um time de basquete sobre rodas. Quando entramos em contato com essa realidade, que muitas vezes está distante de nós, tudo começa a se transformar, principalmente nossas opiniões e visões. Marcelo sofreu um acidente aos 20 anos de idade, quando pulou em um lago e bateu a cabeça em uma pedra, quebrando a 5ª cervical (C5), que o deixou tetraplégico. O livro foi escrito 2 anos após o acidente, e Marcelo conta tudo aquilo que passou naquele momento, que foi de mudanças radicais em sua vida.
O livro é completamente envolvente pois o autor conta toda a sua história de aluno universitário, suas aventuras, suas músicas, tudo aquilo que faz um outro universitário se identificar também. O contraste de alguém super ativo, cheio de expectativas para o futuro e com planos interrompidos nos coloca numa posição de angústia e de uma intensa reflexão de nossa vida.
Mas atenção: cuidado para aqueles que são cheios de pudor, porque o livro é regado de palavrões!
Mas é impossível você não dar gargalhadas enquanto lê.

Adorei o livro, me senti dentro da história. A experiência, mesmo que seja apenas da leitura, de poder saber aquilo que acontece na vida de uma pessoa que sofre um acidente e descobre que nunca mais irá andar, nos faz olhar diferente para aqueles que por tanto tempo tratamos com diferença. Deficientes vivem, deficientes se divertem, deficientes têm problemas, deficientes são pessoas, iguais a todos nós mas com necessidades especiais.

Pra minha experiência não só acadêmica, mas de vida também, considero a leitura desse livro um grande aprendizado. A obra é classificada como "romance", mas eu particularmente a consideraria como algo muito mais do que isso, pois além dela ser romântica e nos envolver, ela te ensina que limites físicos não são limites de vida.

Alguns fatos relevantes:
- Marcelo Rubens Paiva escreveu alguns livros depois deste, já produziu e dirigiu peças de teatro. Inclusive esta obra teve adaptações para o teatro e para o cinema, em 1987.
- É filho do deputado federal Rubens Paiva, que desapareceu durante a ditadura militar e não teve sua morte confirmada. Até hoje seu corpo está desaparecido.
- Marcelo produz até hoje, e faz publicações para o jornal Estadão.

Dados do livro:
Autor: Marcelo Rubens Paiva
Ano de publicação: 1982
Editora: O livro já foi publicado por várias editoras, e hoje em dia não está mais disponível. Porém, consegui a versão digitalizada neste link para quem tiver interesse.

Fica super a dica.
Abç... Patrícia.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Devagar...

Gostaria de compartilhar uma música de uma cantora muito querida.
Fazem dias, semanas que a estou ouvindo. E o mais engraçado é que a letra se encaixou perfeitamente com o momento, e isso acabou sendo inconsciente.
E eu sei, que a novidade existe... E realmente é devagar que as mudanças acontecem!
Que letra, e que melodia!

Samba de um minuto - Roberta Sá

Devagar
Esquece o tempo lá de fora
Devagar
Esqueça a rima que for cara

Escute o que vou lhe dizer
Um minuto de sua atenção
Com minha dor não se brinca
Já disse que não
Com minha dor não se brinca
Já disse que não

Devagar, devagar com o andor
Teu santo é de barro e a fonte secou
Já não tens tanta verdade pra dizer
Nem tão pouco mais maldades pra fazer

E se a dor é de saudade
E a saudade é de matar
Em meu peito a novidade
Vai enfim me libertar