Neste final de semana participei em Piracicaba da etapa municipal da 14ª Conferência Nacional de Saúde, onde o tema era: "Todos usam o SUS! SUS na Seguridade Social, Política Pública e Patrimônio do Povo Brasileiro".
O evento foi gratuito, sendo que QUALQUER pessoa poderia assistir e também participar dos debates e dos grupos de discussão (entre usuários, agentes, conselheiros da saúde, etc). Mas, infelizmente, poucas pessoas compareceram.
Podemos imaginar todas as questões que foram levantadas, como: mau atendimento, demora para consultas e exames, quadro de funcionários (agentes e médicos) escasso, remuneração baixa, entre outras. Mas, apesar de todos estes pontos que logo conhecemos, entra um extremamente importante: Quanto do dinheiro público é gasto com saúde? Você sabe quanto do Produto Interno Bruto (PIB) é destinado à saúde?
Sabemos que uma boa gestão, um bom planejamento são essenciais para que os procedimentos e as condições funcionem da melhor maneira possível, mas também sabemos (ou ao menos imaginamos) a enorme dificuldade que existe numa gestão que, mesmo eficiente, não encontra recursos para poder efetivar aquilo que a população realmente necessita e demanda.
A partir disto, ao mesmo tempo que ficamos de mãos atadas pelo baixo investimento público neste setor, existe aí (grande jogada política) a simples resposta do "Não tenho dinheiro para fazer melhor".
Sendo assim, vamos para alguns dados que são importantes para um melhor entendimento:
- No Brasil, apenas 3,4% do PIB é gasto com a saúde, isto significa um valor de aproximadamente U$ 340 por pessoa. Se formos comparar, países europeus ou até mesmo os Estados Unidos gastam aproximadamente o valor de U$ 2.000 por pessoa, o que chega até 8% de seu PIB;
- Para a educação, é gasto apenas 4,6% do PIB, o qual muitos estudantes estão lutando para um aumento de 10%;
- Agora, APENAS com os juros da dívida externa é gasto 11% do PIB brasileiro! Ou seja, estamos pagando uma pequena parte (se é que podemos chamar de parte) daquilo que nosso país deve lá fora.
Um professor que lá estava (infelizmente não me lembro exatamente sua área) disse que, realmente o dinheiro público destinado à saúde, entre outros setores, só pode ser mudado quando existir uma pressão pública!
SIM! Somos detentores desse poder! Podemos sim, lutar para que esse número seja alterado. A sociedade pode pressionar o Estado para que esse valor seja modificado, e parte da porcentagem do PIB que é gasto com a dívida, pode ser destinada à saúde, ou até mesmo com a educação!
Mas, o que se viu ali foi: uma sala com agentes, conselheiros e alguns políticos, mas POUQUÍSSIMOS usuários. Chegar no posto e reclamar é mais rápido e fácil, mas mudar, requer muito esforço. E alguns aspectos da nossa cultura ainda nos fazem ser assim, bem acomodados. Muitas vezes também, a falta de informação e a deficiência de buscá-la não nos ajuda a sair desta condição!
Uma outra fala desse professor que me marcou também, foi quando ele disse: "Precisamos comprar o SUS! Ele precisa ser o nosso convênio médico! Ele precisa invadir o Jornal Nacional e as novelas de Manoel Carlos, que vai levar seus atores à um hospital público em seus capítulos, e não aos Hospitais das Clínicas! O SUS É NOSSO!"
Sabemos que a demanda cresce a cada dia mais, porém, o investimento não caminha na mesma velocidade!
[E assim...]
Ao final da etapa municipal é proposto pelos participantes novas diretrizes e propostas que irão ser levadas adiante, nas seguintes etapas: Regional, Estadual e Nacional.
Deixemos de lado oposições políticas ou o mero comodismo. Estamos levando a questão da saúde nacional novamente para Brasília. Infelizmente, só os delegados são autorizados a votar nas propostas apresentadas. Mas nós, poderíamos estar lá para, pelo menos, apresentá-las!
O Brasil é nosso, e o SUS também deve ser! Pensemos nisso!
Abç... Patrícia
PS: Não consegui as fotos da etapa municipal! :(
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