segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Deixando o tabu de lado

Caros leitores, desculpem-me pela ausência da última semana, porém minhas noites estão ficando corridas. Provavelmente o dia fixo da postagem se tornará a segunda-feira.

Hoje venho com uma boa indicação que encontrei pelas redes sociais, as quais as vezes nos oferece coisas muito interessantes e construtivas!

Há meses trabalhando na área social e acompanhando casos de violações de direitos humanos, o que percebo é que o mais pesado e mais "assustador" de todos (no sentido de não sabermos quais orientações e procedimentos adotar) são os casos de abuso sexual infantil.
Esse assunto mostra-se delicado para a maioria dos profissionais da área, principalmente aqueles que não foram preparados para tal. Não sabe-se como abordar o assunto com os pais/responsáveis e até mesmo com a criança, acreditando-se que muitas coisas não devem ser faladas, ou, só se forem pronunciadas com muito cuidado.

Conhecendo o abuso
Para falar sobre isso, é importante também termos um conhecimento no mínimo introdutório sobre o assunto.
O abuso sexual não se consiste apenas na penetração ou no toque, mas também através de exibição de fotos/filmes eróticos, estimulação dos órgãos genitais e qualquer outra ação na qual um adulto estimule a sexualidade de uma criança/adolescente. Embora a sexualidade se desenvolva e esteja presente desde o nosso nascimento, esta estimulação é considerada crime quando despertada por um adulto, o qual tem plena consciência de seus atos e de sua sexualidade, ao contrário da criança, que ainda está por descobri-la.

Passeando então pelo facebook, encontrei na página de um amigo também psicólogo, um site de um projeto criado por uma pedagoga, no qual, através de um livro infantil, ela nos mostra como trabalhar o abuso sexual com uma criança e como falar com ela sobre esse assunto tão delicado. Com uma ilustração muito boa, uma linguagem acessível e informações extremamente necessárias sobre o corpo e suas permissões, a Ong "Cores" traz no livro os personagens "Pipo e Fifi" que contam uma história na qual ensinam as crianças a se protegerem de um abuso. O mais legal é que o livro pode ser baixado, impresso e lido para crianças por qualquer pessoa!
Ao contrário do que a maioria pensa, devemos estimular sua consciência sobre seu corpo e de como deve protegê-lo, impedindo que alguém faça o que ela não deseja e também motivando-a a contar para alguém caso este fato venha a ocorrer. Além de profissionais, estar em mãos de um pai/responsável também é muito indicado, pois conversar e conscientizar as crianças sobre o poder e o controle sobre si precisa deixar de ser um tabu e se transformar numa forma efetiva de prevenção!

Deixo abaixo o link do projeto que pode (e deve) ser visitado por todos! Mesmo aqueles que não são pais, podem indicar o livro ou conhecer mais sobre o assunto! Vale muito a pena!

"Pipo e Fifi" http://www.pipoefifi.org.br/home.html

Infográfico

Abç... Patrícia.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Companhia e felicidade


Hoje, trouxe para compartilhar aqui no blog, o texto que escrevi para o casamento de minha irmã que aconteceu nesse último final de semana.
Espero que vocês, assim como as pessoas que estavam presentes, apreciem.
O momento da leitura foi de muita emoção!

À companhia - Votos para Érica e George
Desde o dia em que você me pediu algo para escrever, fiquei sem saber o que colocar num papel ou em apenas poucas palavras. Pra variar, no momento de colocar a cabeça para pensar, estava brava com você! E aí tudo se tornou mais difícil ainda. Me perguntava insistentemente o que poderia escrever à vocês.

Pensei então no quanto amamos as pessoas que estão ao nosso lado, mas ao mesmo tempo perdemos nosso precioso tempo com intrigas, disputas e até mesmo ciúmes. Deixamos de lado as coisas boas que a vida nos oferece e enfatizamos tudo o que há de negativo.

Usei então esse momento para pensar no que havia de bom em minha vida e o que esse momento poderia proporcionar de bom para todas as pessoas nele envolvidas. Os itens se mostraram muitos, mas elenquei apenas a importância da companhia de pessoas especiais. A companhia de vocês, entre vocês e conosco. Pensei no quanto esse simples e tão importante item seria fundamental e tão prazeroso para todos que estão aqui.

Estar com alguém, da maneira mais humilde que seja, nas trocas dos sorrisos mais singelos e de palavras acolhedoras, valem mais do que qualquer presente ou demonstrações de afeto que se possam elencar nessa vida. A companhia de alguém é apenas um item da lista, que carrega com ela todas as coisas boas que nossa existência pode nos oferecer. Ela traz tudo aquilo que tanto buscamos, mas que simplesmente não temos a facilidade de encontrar. Procuramos no lugar errado, nos itens errados.

Aquele que está ao seu lado, lhe entregando tudo o que pode ou até mais que isso, traz consigo todas as coisas boas que pode lhe proporcionar: carinho, amor, respeito, alegria, sinceridade, fraternidade e amizade.

Por isso, meu desejo à vocês no dia de hoje, é apenas de uma boa e longa companhia. Estejam fartos um do outro, mas na fartura das coisas boas. Se transbordem, se preencham e dividam. Compartilhem o que têm de melhor e deixem de buscar as peculiaridades e necessidades que nossos olhos não podem ver. Façam dessa partilha o prazer do dia a dia, e o prazer de dividir com o outro tudo aquilo que temos de mais caro!

Sejam companhia, se acompanhem e façam com que essa troca continue sendo o item mais importante da lista de vocês, porque eu - talvez até poderia dizer por nós todos - acreditamos que hoje, as duas melhores companhias que conhecemos estão se unindo para seguir e trilhar o mesmo e próspero caminho que a vida lhes proporcionou!

Um voto de felicidade à companhia de vocês!

Abç... Patrícia.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Prisões

Nesse final de semana, li uma coluna no Jornal de Piracicaba e assisti a um filme os quais me fizeram pensar muito nas prisões que estão presentes em nossas vidas.


Infelizmente, não me lembro do título da coluna (fato corriqueiro nas últimas semanas esse meu esquecimento), mas foi escrito por um psicanalista, que contava a história de dois amigos soldados conversando sobre suas mulheres durante a guerra. Um deles era completamente aprisionado por seu ciúmes, e abandonou sua mulher quando desconfiou que estava sendo traído, sem ao menos lhe dar a chance de uma explicação.
Os fantasmas e fantasias que o aprisionavam foram mais fortes que a comunicação e o enfrentamento da realidade, fazendo-o se antecipar numa decisão bem mais dolorosa do que esse enfrentamento.

Após a leitura dessa coluna, onde estava com a equipe de meu trabalho, discutimos o quanto nos aprisionamos em ideais e esteriótipos que não correspondem com o real e que nos trazem grande sofrimento.

No dia seguinte, procurei um filme para assistir. Escolhi um filme clássico que ainda não conhecia, o famoso "Bonequinha de Luxo" (com Audrey Hepburn de 1961).
No início, confesso que achei o enrendo um tanto quanto vago e quase desisti, procurando um filme o qual condizia com meu humor naquele dia (tenho o costume de escolher os filmes conforme meu humor), e então, o cinema e a ocasionalidade não me decepcionaram!
Depois de conhecer a história de uma jovem garota de programa que abandona a vida caipira para ganhar dinheiro em Nova Iorque e que nega seus sentimentos para não perder de vista seu sonho de mundo capitalista, o final me fez entender porque (in)voluntariamente havia escolhido aquele filme para assistir.

Holly (Audrey Hepburn) se apaixona por seu vizinho (Paul - George Peppard), mas ao mesmo tempo que essa paixão é visível, ela não é declarada.
Paul é bonito mas não é rico, sendo assim, não poderá lhe oferecer os luxos que deseja. Mas o rapaz se entrega, se declara e se dispõe a fazer o que for necessário para ficar com ela. Infelizmente isso é pouco para Holly.
O desejo de ser bem quista, abusar do consumismo e ser reconhecida como esposa de um homem rico falam mais alto, e então o possível romance do gracioso casal está por um triz.

Paul, percebendo toda a essência de Holly (como já escrevi na postagem "Sua essência é seu perfume") e sua resistência, continua na luta para conquistar a bonequinha.
Eis que, ao final do filme, sutilmente (ou não tão sutilmente assim), Paul fala das prisões que cercam a vida de Holly (as "jaulas"), que impedem-na de viver com quem deseja e de experimentar relações que ultrapassam suas necessidades materiais, profissionais ou de ego. E faz com que reflita sobre o que realmente deseja naquele momento.

A Psicanálise e as "prisões"
Puxando um pouco para a Psicanálise, Freud teorizou em 1920 no texto "Além do Princípio do Prazer" duas constituições de ego que fazem parte do nosso eu: o "ego ideal" e o "ego real". Estes conceitos dizem, a grosso modo, o seguinte: o ego ideal é aquele que nos preenche de coisas que achamos ideais para nossa vida (usando o exemplo do filme, onde Holly achava que o ideal era ter um bom status e dinheiro), mas que não condiz com a realidade posta; e o ego real, que é a constituição de um "eu" que se baseia a partir daquilo que se existe de real em nossa vida, ou seja, ele usará aquilo que "tem" e o transformará em novas experiências e vivências (assim como Paul, que tinha consciência de sua condição e de seus sentimentos, mas que não o impossibilitaram de buscar o que desejava).
Sendo assim, Paul, inserido naquela realidade que viviam e consciente de todas as dificuldades e do verdadeiro desejo de Holly (que também era estar com ele), mostrou o quanto ela estava se aprisionando pelas correntes construídas por seu ego ideal.
E foi aí, na última cena do filme (que trago ao final dessa postagem mas que não exclui a possibilidade de conhecer todo o longa) quando percebi o quanto esse assunto se mostrou latente e necessário para os últimos dias que passaram em minha semana.

O ser humano e suas "prisões"
Quando falamos de prisões e de ideais que construímos em nossa vida, estamos falando de todos os sujeitos, pois dificilmente existe alguém que não sofra com suas convicções e desejos os quais se mostram incompatíveis com a realidade posta. Porém, podemos falar também sobre um conhecimento e aceitação da realidade (que pode ser vivido por qualquer ser humano) que ameniza e liberta o sujeito do sofrimento, o qual é gerado quando conscientiza-se de que não pode ter ou ser aquilo que deseja.
Estar consciente da realidade que nos cerca, apesar de não parecer, é menos doído do que viver num mundo de fantasias. Ao menos essa dor tem um sentido e nos ensina a viver com aquilo que nos é possível e apresentado. Desta maneira, podemos então pensar o quanto ainda somos "autorizados" a nos libertar de tais prisões.

Refletindo...
Quando terminei de assistir o filme e me lembrei da coluna do jornal, entendi que aquilo estava "me sendo dito" por estar justamente nessa transição.
Deixar cair o véu que embeleza e camufla nossa vida é dolorido, porém isso traz consigo prazeres efetivos os quais nossos ideais não nos proporcionam. Buscar o ideal é viver em função de algo inalcançável, é justificar que o outro (sujeito ou objeto) é sempre melhor do que aquilo que possuímos no presente momento.
Essa experiência dolorida (como qualquer outra experiência) nos ensina o que podemos fazer com o que a vida nos proporciona neste instante. Viver, e não mais fantasiar.

Acho que, para uma boa reflexão, cada um não deveria se perguntar qual sua prisão, mas sim qual a realidade que lhe é apresentada no "agora".
Acredito que só dessa maneira é que talvez consigamos sair das fantasias que nos escravizam, para a vivência de experiências que estão a disposição em nossa vida, sejam elas amargas ou doces, porém experiências REAIS.
Taí, um grande desafio que demanda tempo e coragem, mas que no final, vale muito a pena!
Me sinto feliz por estar nessa transição, mesmo que ainda me perca no caminho.

E para terminar, deliciem-se com o link da parte final do filme: https://www.youtube.com/watch?v=gVOciQo_4bE



Informações sobre o filme "Bonequinha de Luxo"
Título Original: Breakfast at Tiffany's
Ano: 1961
Diretor: Blake Edwards
Gênero: Drama/Comédia
País: Estados Unidos
Duração: 1h 55min
Sinopse: Holly Golightly (Audrey Hepburn) é uma garota de programa nova-iorquina que está decidida a casar-se com um milionário. Perdida entre a inocência, ambição e futilidade, ela toma seus cafés da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany`s, na intenção de fugir dos problemas. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), um jovem escritor bancado pela amante que se torna seu vizinho, com quem se envolve. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que contraria seus objetivos de tornar-se rica.
Assista online: http://reviufilmes.blogspot.com.br/2013/08/bonequinha-de-luxo-filme-online.html

Abç... Patrícia.