quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Constituição de 88, o pesadelo da direita


Assistindo ao programa "Tv Folha" deste domingo, vi alguns minutos da série "Folha Poder", onde falou-se sobre a Constituição de 88.
Como já se sabe, a imprensa é administrada por grandes famílias tradicionais do Brasil, e a grande maioria de direita e elitista. Por tal motivo, o que mais vemos são matérias que atacam sistemas de governos que favorecem a população em vulnerabilidade social.

Eis então que se iniciou o ataque à Constituição de 88, promulgada pelo então Deputado e Presidente da Assembléia Constituinte Ulysses Guimarães, que pregava o "documento da liberdade, da fraternidade, da democracia e da justiça social no Brasil". Entretanto, o que deve ter ficado até hoje entalado na garganta da elite brasileira foi a questão da "justiça social".

O jornalismo da Folha, trouxe em matéria, que a Constituição mudou a forma como o governo gasta o orçamento anual. Curiosamente, a grande queixa da Folha foi que o governo aumentou os gastos com os benefícios assistenciais, sendo que em 1987 (um ano antes da promulgação) eram de 39%, e em 2012 os gastos chegaram a 73, 7% do orçamento da União.
Claro que, dentro destes benefícios assistenciais estão: o LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social - benefício concedido à deficientes incapazes de trabalhar e de idosos que não contribuíram e não recebem aposentadoria), o Bolsa Família (programa criado para a erradicação da extrema pobreza do país), INSS e Seguro Desemprego, chamando-a então de uma "Constituição voltada para o assistencialismo".

Decorrente tal crítica, o jornal apresentado por pessoas muito bem quistas, arrumadas e cheias de conhecimento, veio a brilhante entonação proclamada pelos grandes pensadores da direita:
"Esta queda nos investimentos onera o país com uma competitividade baixa no cenário internacional e afeta diretamente a qualidade da infra-estrutura nacional como portos, aeroportos e rodovias."
Pois sim, caros leitores, para a elite brasileira o desenvolvimento do país dá-se através da infra-estrutura, logo, aqueles que residem em municípios ou estados governados por tais partidos podem perceber sem precisar nenhum esforço. 
A palavra "social" como um sufixo do desenvolvimento, logo fica-se esquecida, pois ela remete-nos à um país que NECESSITA de investimentos para a pobreza pois possui uma grande porcentagem da população em tal situação.

Todavia, "Na última década, mais de 39 milhões de pessoas entraram na classe média, sendo que somente nos últimos 21 meses, 13 milhões de brasileiros chegaram a esse estrato social. Com esta ascensão, o Brasil tem mais da metade da população inserida na Classe Média." (fonte: http://www.sae.gov.br/novaclassemedia/?p=113). O que me espanta, pois tal crescimento contribui para a movimentação do capital, e consequentemente para o enriquecimento da burguesia elitista que critica o "desperdício" com benefícios assistenciais.

Ao final da reportagem, também citam que os cidadãos não conhecem seus direitos, discurso esse muito envolvente da direita para conquistar a aversão da população sobre tais benefícios. Mas curiosamente, os únicos procurados para responderem tal pergunta na reportagem, são cidadãos aparentemente de classe média/classe média alta. Me pergunto insistentemente se essa preocupação dá-se com o cidadão que mora nas ruas, mas tem (ou ao menos deveria ter), por DIREITO documentado, um lugar onde se morar.

A grande questão é, para o governo de direita, e todo o jornalismo que o acompanha, gastar dinheiro com benefícios assistenciais é mostrar não só aqui, mas também internacionalmente, que somos um país que sofre com o problema social e que necessita empreender muito mais nisso do que em infra-estrutura. A infra-estrutura, por sua vez, promove a ilusão de que moramos num país extremamente desenvolvido (coloco nisso um tom de ironia) e que possui grande disponibilidade para a movimentação do capital (como portos, rodovias e tudo mais), pois a necessidade desta estrutura dá-se sim pelo aumento monstruoso do capitalismo.

É neste delicado momento que não podemos perder a noção de que, sim, o assistencialismo muitas vezes acontece, entretanto, dentro de tais benefícios oferecidos pelo Estado, existem condicionalidades que determinam se o cidadão tem direito ou não de recebê-lo. Também não podemos deixar de perceber de quem tal mensagem está chegando até nós. O país saiu de uma grande condição de pobreza e trouxe 39 milhões de brasileiros à classe média. Esta classe, a qual é e foi, curiosamente, responsável por grandes manifestações políticas no nosso país. Manifestações que se deram contra o governo direitista que roubavam nosso cidadãos sem nenhum pudor, pois tais não eram providos de conhecimento. 
Sendo assim, fica aqui meu grande repúdio a tal matéria e tal equipe jornalistica, como também minha grande certeza de que a mídia continua tentando, através de seu grande poder de informação, manipular a população contra o desenvolvimento social, camuflando a realidade de nosso país e se esquecendo daqueles que não possuem nem o básico para sobreviver, desejando sempre o poder, a alienação e o sub-desenvolvimento deste país.

Porque ostentar é sempre mais fácil do que partilhar.


Abç... Patrícia.

3 comentários:

  1. Perfeito Pati! E ficou esquecido também a morte de Ulysses para que o mesmo não contasse coisas graves desse período da nossa história! Lindo blog!

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  2. Excelente o seu texto
    Destaca o ranço nojento dessa imprensa elitista contra o q chama de assistencialismo. Mas não reclamam do assistencialismo do governo a favor deles ao destinar milhões de dinheiro público pra propaganda oficial. Se o governo ousar mexer nisso já é acusado de tentar cercear a liberdade de imprensa, qdo na verdade é somente a liberdade de empresa q eles defendem.
    Parabéns.
    Acho q deveria publicar esse texto na Tribuna. O q acha?

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    1. Caso queira publicar em A Tribuna, fique à vontade para enviar o texto no e-mail tribuna@tribunatp.com.br.

      Abraço!

      Erich

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