quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Maternidade

(Texto publicado originalmente no extinto blog "Zine Pasárgada")


Trouxe este tema hoje, pois, algumas experiências desta semana me fizeram pensar como muitas mulheres enfrentam este momento da vida.
Não é de hoje que acompanhamos mulheres que abandonam seus bebês, mulheres que roubam bebês e mulheres que sonham um dia poder engravidar. Tantos quereres tão distintos mas que rondam um só tema, o "maternidade".
Muitos poderiam me responder que as mães que abandonam seus filhos são tomadas pelo medo, mas, me questiono: o medo de quê? Existem tantos.
Questões sociais são questionáveis, pois, muitos aqui conhecem famílias desse Brasil tão pobre que lutam para sustentar seus filhos, sejam eles quantos for. A questão é mais embaixo.
O que um filho provoca em uma mulher? O que a experiência da maternidade vai substituir na vida de uma mulher? Talvez uma outra experiência pela qual ela ainda não queira se desligar?

A problemática é que muitas mulheres ainda não estão preparadas para ser mães, outras nasceram para ser e outras nunca a serão. Ainda me lembro do espanto que me causava ouvir de uma mulher idosa que ela não teve filhos por opção! Mas, com o tempo, descobrimos que ser mãe não é uma obrigatoriedade, é algo que precisa ser desejado, mesmo que não seja esperado. Precisamos nos libertar também da ideia de que no coração de mãe sempre cabe mais um.
A figura materna sempre foi transformada em algo maravilhoso (possível origem bíblica), então ainda não conseguimos entender algumas limitações que existem entre algumas mulheres e a maternidade. Podemos perceber isto pela diversidade de opiniões que cada uma delas possui sobre o assunto.

Mas, o que vejo sobre tudo isso é como este tema anda sendo abordado. Existem as mães violentadas, existem as mães do tradicionalismo e existem as mães, que são verdadeiramente mães.
Um filho significa uma vida, uma vida que foi concebida por um ato que muitas vezes (diga-se, quase sempre) é praticado sem esta intenção. Muitas vezes penso que a gravidez não deveria ser consequência do sexo (mas aí entraríamos em questões religiosas e biológicas que não valeriam a pena).

O ponto relevante deste meu post hoje, que fiz baseado nas reflexões que faço em meu blog, é: Quais as condições psicológicas e emocionais de uma mulher frente a realidade da maternidade? Sabemos que abandonar um bebê é crime, e nem estou aqui para questionar tal fato. Mas, muitos aqui não devem fazer a ideia de como uma mulher se sente mal (esporadicamente, claro) durante o período de gravidez. Já ouvi muitas dizerem que este não é o melhor momento da vida, como muitos dizem; já vi mulheres deprimidas por ser transformarem no 2º plano (pois sim, quem importa neste momento é o bebê... você precisa estar bem e saudável por causa dele).
Ainda não sou mãe, mas estou tendo a experiência nesse semestre de estagiar com gestantes, e ouvir delas quais são seus anseios, suas expectativas, seus fantasmas, suas mazelas e tudo aquilo que uma mulher carrega junto com o filho.

O presente post não é para falar sobre a natalidade infantil, sobre o abandono de crianças ou sobre a adoção. Mas sim, em quem a gestante se transforma. Nosso dever é sempre lembrar que uma vida está sendo gerada por outra. E se a primeira não deve ser esnobada ou minimizada, a segunda também não.
Mulheres bem assistidas geram possibilidades de uma maternidade mais efetiva, mesmo que a maneira afetiva e emocional seja diferente de uma para outra. E a conscientização e acolhimento de mulheres que não desejam seus filhos precisa se tornar cada vez mais intensa, mostrando à elas, que sua negação da maternidade não significa o descarte de um filho (o qual ocasiona muitas vezes a morte), e que a adoção é um caminho.

Hoje, foi apenas uma reflexão minha que externalizei aqui. Provavelmente no futuro, poderei trazer dados e questões mais relevantes que tornem este assunto mais pontuado. Mas acho que vale pelo fato do que muitos estão pensando neste momento: "Essa menina falou bobagem" ou "Acho que talvez ela tenha razão", pois algo só faz sentido, quando pensamos sobre ele. E refletir, sempre nos faz sair do lugar.
Prometo falar mais sobre isso!

Abç... Patrícia

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