"(...) Mas quero resumir aqui, para o próprio Gilson Amado, as minhas objeções contra a educação sexual. Antes de mais nada, ela desumaniza o homem e desumaniza o sexo. No dia em que o sujeito perder a infinita complexidade do amor, cairá automaticamente de quatro, para sempre. Sexo como tal, e estritamente sexo, vale para os gatos de telhado e os vira-latas de portão. Ao passo que no homem o sexo é amor. Envergonha-me estar repetindo o óbvio. O homem começou a própria desumanização quando separou o sexo do amor. Um dia farei um teste com o admirável Gilson Amado. Iremos para uma esquina. E ele verá que todos passam de cara amarrada, exalando a mesma e cava depressão. São as vítimas do sexo sem amor. Tão simples enxergar o óbvio ululante. Devia ser não educação sexual, mas educação para o amor, simplesmente para o amor. E o homem talvez aprendesse a amar eternamente."
Nelson Rodrigues em "Sexo é para vira-latas" (21/04/1970)
Após ouvir esse trecho ontem, na peça "As noivas de Nelson" (adaptação de "A vida como ela é...", por sinal muuuito boa!) fiquei pensando sobre isso.
O sexo sem amor seria apenas a consequência do instinto? Então, voltamos à condição de animais, e deixamos de lado nossa capacidade de amar.
Do mesmo jeito que ouvi e refleti, coloquei o trecho aqui, para alguém também ler e refletir. Afinal, por essa capacidade ainda somos privilegiados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário