domingo, 10 de novembro de 2013

Abraços

Os dias ficaram escuros, as manhãs não tinham mais sol.
Os sorrisos se tornaram amarelos, os remédios amargos, a água salgada.
A comida, insuficiente. As palavras, todas em vão.

O acordar pedia um eterno adormecer, os sonhos tomavam o lugar do dia.
O medo, maior que toda a alegria. A negatividade maior do que qualquer energia existente.

E foi quando o abraço, tomou todo esse lugar.
Abraçar aquela brisa que passa, aquele vento que toca a grama e que mexe em nossos cabelos.
Abraçar aquela criança que passou lá atrás, mas que ainda vive em você, e que implora tanto esse abraço.
E te pede, pra que você nunca mais a deixe.

Abraçar as pessoas que são tão simples e que só têm isso a te oferecer.
Acordar com um afago, estar ao lado de quem te afaga.
Querer a música, deixar o material, conhecer pessoas, ser do mundo todo e ser só seu.

Olhar para o impossível, escutar a criança. Sentir o quanto ela significa.
Sentir que com ela tudo vai valer a pena.
Você pega a mão dela e ela pega a sua, ela te leva e você também.
Não existe limite, não existe mais sorrisos amarelos, o sol nasceu.
As palavras são libertadoras e o abraço se tornou a coisa mais valiosa.

A força vem de longe e ao mesmo tempo de tão perto.
Abraçar o passado, abraçar o futuro e muito mais o presente.
Abraçar a criança, abraçar o mundo.

Patrícia.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ao mestre, com carinho


Venho nesta data de hoje, até mesmo como uma homenagem, escrever sobre os professores que passaram por minha vida. Mesmo sendo o título uma alusão ao filme da década de 1960, não é dele que falarei aqui. Usei-o mesmo como forma de carinho recíproco.

Vi muitas pessoas parabenizando e se lembrando dos seus primeiros professores, aqueles que lhes ensinaram coisas importantes na infância. Um gesto normal, já que é nessa fase que temos nosso primeiro contato com estes profissionais. Entretanto, hoje venho escrever sobre meus professores da graduação. Aliás, sobre uma professora em especial...

Quando entramos na faculdade, sentimos o grande choque de tratamento, diferente daquele que recebíamos na época do ensino médio. Mesmo você sendo muito novo, precoce até demais para estar aprendendo tanto coisa sobre uma profissão, eles te tratam como pessoas já responsáveis por suas escolhas e maduros o suficiente para encarar os desafios da Academia. Me lembro que os primeiros meses foram, para mim, de adaptação desse novo modo de relacionamento.

Vá lá, nos primeiros semestres alguns ainda nos repeliam, nos testavam e eram desaprovados por nós, o que tornou-se tudo uma questão de tempo. Precisei de alguns semestres para descobrir que estava aprendendo com os melhores nomes da área da Psicologia. Quando me dei conta, até achei que já era bem tarde.
Perdi professores muito bons, mas que me sinto privilegiada até hoje por tê-los conhecido e compartilhado de seus conhecimentos.

Mas foi no final da graduação, que uma professora já querida, me fez entender o que é ter prazer em lecionar.

Grande responsável pelo meu interesse na área social, ela me mostrou o quanto valia a pena olhar para o outro, entender suas dificuldades, e o mais importante de tudo: olhar para dentro de si.
Era final de graduação, todos as crises existenciais possíveis, estresses inimagináveis e uma vontade enorme de abandonar o barco. Todos sentimentos que me foram, então, tirados por ela.
Sempre muito exigente, experiente e pontual, conseguiu fazer-me olhar o quanto eu era ética, dedicada e interessada naquilo que fazia. Mostrou-me tantas vezes meus acertos, abriu-me tanto os olhos e motivou-me em discursos e apresentações finais da graduação.
Uma pessoa linda, batalhadora e com uma história de vida que ainda acredito que virará um filme!
Militante da ditadura, mulher obstinada e professora por vocação.

Sei, que muito daquilo que sou hoje, devo à ela. Devo, pois muito do que me foi despertado veio de toda sua insistência nos alunos que tanto apostava.
Nunca me esqueço de sua frase num dia caloroso de supervisão e depois de tantas observações suas em relatos nossos: "Pego no pé daqueles que sei que têm jeito e de quem gosto!". Me senti então, tão privilegiada.
Era daquelas que não sentiam necessidade de agradar e sem papas na língua. Guerreira.
Uma pessoa que me despertou tanta garra e tanta vontade de continuar, e querer ao menos, ser parecida com ela...

E é por ela que hoje, venho através desta postagem, deixar todo o meu carinho àqueles que exercem essa profissão por pura vocação e dedicação. Por amor em ensinar, apostar, disseminar, perpetuar e eternizar.
Àqueles que apostam todas as suas fichas não só buscando ensinar, mas buscando também tornar melhor um ser humano!
Hoje venho aqui deixar o meu abraço à ela, querida Pelissari, que por muito não me deixou desistir, que fez com que eu acreditasse em mim mesma e naquele que está ao meu lado. Através de você, descobri o que é acreditar e apostar em alguém.
Meu muitíssimo e imenso agradecimento.
E à todos esses mestres, meu grande carinho.


Abç... Patrícia.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Constituição de 88, o pesadelo da direita


Assistindo ao programa "Tv Folha" deste domingo, vi alguns minutos da série "Folha Poder", onde falou-se sobre a Constituição de 88.
Como já se sabe, a imprensa é administrada por grandes famílias tradicionais do Brasil, e a grande maioria de direita e elitista. Por tal motivo, o que mais vemos são matérias que atacam sistemas de governos que favorecem a população em vulnerabilidade social.

Eis então que se iniciou o ataque à Constituição de 88, promulgada pelo então Deputado e Presidente da Assembléia Constituinte Ulysses Guimarães, que pregava o "documento da liberdade, da fraternidade, da democracia e da justiça social no Brasil". Entretanto, o que deve ter ficado até hoje entalado na garganta da elite brasileira foi a questão da "justiça social".

O jornalismo da Folha, trouxe em matéria, que a Constituição mudou a forma como o governo gasta o orçamento anual. Curiosamente, a grande queixa da Folha foi que o governo aumentou os gastos com os benefícios assistenciais, sendo que em 1987 (um ano antes da promulgação) eram de 39%, e em 2012 os gastos chegaram a 73, 7% do orçamento da União.
Claro que, dentro destes benefícios assistenciais estão: o LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social - benefício concedido à deficientes incapazes de trabalhar e de idosos que não contribuíram e não recebem aposentadoria), o Bolsa Família (programa criado para a erradicação da extrema pobreza do país), INSS e Seguro Desemprego, chamando-a então de uma "Constituição voltada para o assistencialismo".

Decorrente tal crítica, o jornal apresentado por pessoas muito bem quistas, arrumadas e cheias de conhecimento, veio a brilhante entonação proclamada pelos grandes pensadores da direita:
"Esta queda nos investimentos onera o país com uma competitividade baixa no cenário internacional e afeta diretamente a qualidade da infra-estrutura nacional como portos, aeroportos e rodovias."
Pois sim, caros leitores, para a elite brasileira o desenvolvimento do país dá-se através da infra-estrutura, logo, aqueles que residem em municípios ou estados governados por tais partidos podem perceber sem precisar nenhum esforço. 
A palavra "social" como um sufixo do desenvolvimento, logo fica-se esquecida, pois ela remete-nos à um país que NECESSITA de investimentos para a pobreza pois possui uma grande porcentagem da população em tal situação.

Todavia, "Na última década, mais de 39 milhões de pessoas entraram na classe média, sendo que somente nos últimos 21 meses, 13 milhões de brasileiros chegaram a esse estrato social. Com esta ascensão, o Brasil tem mais da metade da população inserida na Classe Média." (fonte: http://www.sae.gov.br/novaclassemedia/?p=113). O que me espanta, pois tal crescimento contribui para a movimentação do capital, e consequentemente para o enriquecimento da burguesia elitista que critica o "desperdício" com benefícios assistenciais.

Ao final da reportagem, também citam que os cidadãos não conhecem seus direitos, discurso esse muito envolvente da direita para conquistar a aversão da população sobre tais benefícios. Mas curiosamente, os únicos procurados para responderem tal pergunta na reportagem, são cidadãos aparentemente de classe média/classe média alta. Me pergunto insistentemente se essa preocupação dá-se com o cidadão que mora nas ruas, mas tem (ou ao menos deveria ter), por DIREITO documentado, um lugar onde se morar.

A grande questão é, para o governo de direita, e todo o jornalismo que o acompanha, gastar dinheiro com benefícios assistenciais é mostrar não só aqui, mas também internacionalmente, que somos um país que sofre com o problema social e que necessita empreender muito mais nisso do que em infra-estrutura. A infra-estrutura, por sua vez, promove a ilusão de que moramos num país extremamente desenvolvido (coloco nisso um tom de ironia) e que possui grande disponibilidade para a movimentação do capital (como portos, rodovias e tudo mais), pois a necessidade desta estrutura dá-se sim pelo aumento monstruoso do capitalismo.

É neste delicado momento que não podemos perder a noção de que, sim, o assistencialismo muitas vezes acontece, entretanto, dentro de tais benefícios oferecidos pelo Estado, existem condicionalidades que determinam se o cidadão tem direito ou não de recebê-lo. Também não podemos deixar de perceber de quem tal mensagem está chegando até nós. O país saiu de uma grande condição de pobreza e trouxe 39 milhões de brasileiros à classe média. Esta classe, a qual é e foi, curiosamente, responsável por grandes manifestações políticas no nosso país. Manifestações que se deram contra o governo direitista que roubavam nosso cidadãos sem nenhum pudor, pois tais não eram providos de conhecimento. 
Sendo assim, fica aqui meu grande repúdio a tal matéria e tal equipe jornalistica, como também minha grande certeza de que a mídia continua tentando, através de seu grande poder de informação, manipular a população contra o desenvolvimento social, camuflando a realidade de nosso país e se esquecendo daqueles que não possuem nem o básico para sobreviver, desejando sempre o poder, a alienação e o sub-desenvolvimento deste país.

Porque ostentar é sempre mais fácil do que partilhar.


Abç... Patrícia.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Infância nota 10


Volto hoje com a indicação de um programa bem interessante, que encontrei há alguns dias atrás trocando de canal na TV.
O programa chama-se "Nota 10 - Primeira Infância" e é exibido no canal Futura. Voltada para pais e educadores, a série conta com uma estrutura de cinco episódios semanais e aborda questões sobre o desenvolvimento infantil e a importância dos estímulos nos primeiros anos de vida.

Apresentada por Léo Madeira, a série além de possuir uma linguagem muito acessível, conta com depoimentos de especialistas (pediatras, neurologistas e psicanalistas) e exemplos de projetos educacionais realizados em diferentes estados brasileiros. Além, também, da interação com pais, crianças e educadores que mostra através de práticas cotidianas as fases do desenvolvimento e sua importância na vida da criança, e que auxilia na conduta destes responsáveis mediante as questões e enfrentamentos apresentados nestas fases. A série discute também sobre a influência de nossas questões culturais e sociais na concepção de infância.

Para aqueles que, mesmo não se encaixando no público-alvo, também tenham interesse no assunto, vale a pena assistir a série! Acredito que sempre temos por perto uma criança ou educador que pode ser auxiliado através do nosso conhecimento.

Informações sobre a série:
Cada episódio tem a duração de 26 minutos e é exibido no canal às terças-feiras, 15h. Reprises: Quartas-feiras, 2h45, e sábados, 14h, mas pode ser visto também no youtube.
Um programa da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal

Vale muito a pena!
Abç... Patrícia.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O príncipe e a saudade

Queridos, confesso que o post de hoje está sendo bem difícil para mim. Após perder uma grande amiga de trabalho e também de vida, as ideias ainda estão embaralhadas e custando para se ordenarem. Não discutiria também sobre os fatos ocorridos, pois isso demandaria uma imensa energia e tocaria num luto que ainda está sendo elaborado. Acredito que lembranças e palavras boas confortem mais o coração.
Sendo assim, minha postagem de hoje trará uma foto tirada por ela há um mês atrás do local onde assistimos nosso último por-do-sol juntos. E também um trecho do livro "O Pequeno Príncipe", obra que gosto muito, e por saber disso, recebia sempre uma mensagem do principezinho enviada por ela.

Onde você estiver, saiba que estou com saudades.


“Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fossem música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...”
O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry)
À Mel e seus cabelos dourados, com todo carinho do mundo.
Patrícia.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Deixando o tabu de lado

Caros leitores, desculpem-me pela ausência da última semana, porém minhas noites estão ficando corridas. Provavelmente o dia fixo da postagem se tornará a segunda-feira.

Hoje venho com uma boa indicação que encontrei pelas redes sociais, as quais as vezes nos oferece coisas muito interessantes e construtivas!

Há meses trabalhando na área social e acompanhando casos de violações de direitos humanos, o que percebo é que o mais pesado e mais "assustador" de todos (no sentido de não sabermos quais orientações e procedimentos adotar) são os casos de abuso sexual infantil.
Esse assunto mostra-se delicado para a maioria dos profissionais da área, principalmente aqueles que não foram preparados para tal. Não sabe-se como abordar o assunto com os pais/responsáveis e até mesmo com a criança, acreditando-se que muitas coisas não devem ser faladas, ou, só se forem pronunciadas com muito cuidado.

Conhecendo o abuso
Para falar sobre isso, é importante também termos um conhecimento no mínimo introdutório sobre o assunto.
O abuso sexual não se consiste apenas na penetração ou no toque, mas também através de exibição de fotos/filmes eróticos, estimulação dos órgãos genitais e qualquer outra ação na qual um adulto estimule a sexualidade de uma criança/adolescente. Embora a sexualidade se desenvolva e esteja presente desde o nosso nascimento, esta estimulação é considerada crime quando despertada por um adulto, o qual tem plena consciência de seus atos e de sua sexualidade, ao contrário da criança, que ainda está por descobri-la.

Passeando então pelo facebook, encontrei na página de um amigo também psicólogo, um site de um projeto criado por uma pedagoga, no qual, através de um livro infantil, ela nos mostra como trabalhar o abuso sexual com uma criança e como falar com ela sobre esse assunto tão delicado. Com uma ilustração muito boa, uma linguagem acessível e informações extremamente necessárias sobre o corpo e suas permissões, a Ong "Cores" traz no livro os personagens "Pipo e Fifi" que contam uma história na qual ensinam as crianças a se protegerem de um abuso. O mais legal é que o livro pode ser baixado, impresso e lido para crianças por qualquer pessoa!
Ao contrário do que a maioria pensa, devemos estimular sua consciência sobre seu corpo e de como deve protegê-lo, impedindo que alguém faça o que ela não deseja e também motivando-a a contar para alguém caso este fato venha a ocorrer. Além de profissionais, estar em mãos de um pai/responsável também é muito indicado, pois conversar e conscientizar as crianças sobre o poder e o controle sobre si precisa deixar de ser um tabu e se transformar numa forma efetiva de prevenção!

Deixo abaixo o link do projeto que pode (e deve) ser visitado por todos! Mesmo aqueles que não são pais, podem indicar o livro ou conhecer mais sobre o assunto! Vale muito a pena!

"Pipo e Fifi" http://www.pipoefifi.org.br/home.html

Infográfico

Abç... Patrícia.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Companhia e felicidade


Hoje, trouxe para compartilhar aqui no blog, o texto que escrevi para o casamento de minha irmã que aconteceu nesse último final de semana.
Espero que vocês, assim como as pessoas que estavam presentes, apreciem.
O momento da leitura foi de muita emoção!

À companhia - Votos para Érica e George
Desde o dia em que você me pediu algo para escrever, fiquei sem saber o que colocar num papel ou em apenas poucas palavras. Pra variar, no momento de colocar a cabeça para pensar, estava brava com você! E aí tudo se tornou mais difícil ainda. Me perguntava insistentemente o que poderia escrever à vocês.

Pensei então no quanto amamos as pessoas que estão ao nosso lado, mas ao mesmo tempo perdemos nosso precioso tempo com intrigas, disputas e até mesmo ciúmes. Deixamos de lado as coisas boas que a vida nos oferece e enfatizamos tudo o que há de negativo.

Usei então esse momento para pensar no que havia de bom em minha vida e o que esse momento poderia proporcionar de bom para todas as pessoas nele envolvidas. Os itens se mostraram muitos, mas elenquei apenas a importância da companhia de pessoas especiais. A companhia de vocês, entre vocês e conosco. Pensei no quanto esse simples e tão importante item seria fundamental e tão prazeroso para todos que estão aqui.

Estar com alguém, da maneira mais humilde que seja, nas trocas dos sorrisos mais singelos e de palavras acolhedoras, valem mais do que qualquer presente ou demonstrações de afeto que se possam elencar nessa vida. A companhia de alguém é apenas um item da lista, que carrega com ela todas as coisas boas que nossa existência pode nos oferecer. Ela traz tudo aquilo que tanto buscamos, mas que simplesmente não temos a facilidade de encontrar. Procuramos no lugar errado, nos itens errados.

Aquele que está ao seu lado, lhe entregando tudo o que pode ou até mais que isso, traz consigo todas as coisas boas que pode lhe proporcionar: carinho, amor, respeito, alegria, sinceridade, fraternidade e amizade.

Por isso, meu desejo à vocês no dia de hoje, é apenas de uma boa e longa companhia. Estejam fartos um do outro, mas na fartura das coisas boas. Se transbordem, se preencham e dividam. Compartilhem o que têm de melhor e deixem de buscar as peculiaridades e necessidades que nossos olhos não podem ver. Façam dessa partilha o prazer do dia a dia, e o prazer de dividir com o outro tudo aquilo que temos de mais caro!

Sejam companhia, se acompanhem e façam com que essa troca continue sendo o item mais importante da lista de vocês, porque eu - talvez até poderia dizer por nós todos - acreditamos que hoje, as duas melhores companhias que conhecemos estão se unindo para seguir e trilhar o mesmo e próspero caminho que a vida lhes proporcionou!

Um voto de felicidade à companhia de vocês!

Abç... Patrícia.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Prisões

Nesse final de semana, li uma coluna no Jornal de Piracicaba e assisti a um filme os quais me fizeram pensar muito nas prisões que estão presentes em nossas vidas.


Infelizmente, não me lembro do título da coluna (fato corriqueiro nas últimas semanas esse meu esquecimento), mas foi escrito por um psicanalista, que contava a história de dois amigos soldados conversando sobre suas mulheres durante a guerra. Um deles era completamente aprisionado por seu ciúmes, e abandonou sua mulher quando desconfiou que estava sendo traído, sem ao menos lhe dar a chance de uma explicação.
Os fantasmas e fantasias que o aprisionavam foram mais fortes que a comunicação e o enfrentamento da realidade, fazendo-o se antecipar numa decisão bem mais dolorosa do que esse enfrentamento.

Após a leitura dessa coluna, onde estava com a equipe de meu trabalho, discutimos o quanto nos aprisionamos em ideais e esteriótipos que não correspondem com o real e que nos trazem grande sofrimento.

No dia seguinte, procurei um filme para assistir. Escolhi um filme clássico que ainda não conhecia, o famoso "Bonequinha de Luxo" (com Audrey Hepburn de 1961).
No início, confesso que achei o enrendo um tanto quanto vago e quase desisti, procurando um filme o qual condizia com meu humor naquele dia (tenho o costume de escolher os filmes conforme meu humor), e então, o cinema e a ocasionalidade não me decepcionaram!
Depois de conhecer a história de uma jovem garota de programa que abandona a vida caipira para ganhar dinheiro em Nova Iorque e que nega seus sentimentos para não perder de vista seu sonho de mundo capitalista, o final me fez entender porque (in)voluntariamente havia escolhido aquele filme para assistir.

Holly (Audrey Hepburn) se apaixona por seu vizinho (Paul - George Peppard), mas ao mesmo tempo que essa paixão é visível, ela não é declarada.
Paul é bonito mas não é rico, sendo assim, não poderá lhe oferecer os luxos que deseja. Mas o rapaz se entrega, se declara e se dispõe a fazer o que for necessário para ficar com ela. Infelizmente isso é pouco para Holly.
O desejo de ser bem quista, abusar do consumismo e ser reconhecida como esposa de um homem rico falam mais alto, e então o possível romance do gracioso casal está por um triz.

Paul, percebendo toda a essência de Holly (como já escrevi na postagem "Sua essência é seu perfume") e sua resistência, continua na luta para conquistar a bonequinha.
Eis que, ao final do filme, sutilmente (ou não tão sutilmente assim), Paul fala das prisões que cercam a vida de Holly (as "jaulas"), que impedem-na de viver com quem deseja e de experimentar relações que ultrapassam suas necessidades materiais, profissionais ou de ego. E faz com que reflita sobre o que realmente deseja naquele momento.

A Psicanálise e as "prisões"
Puxando um pouco para a Psicanálise, Freud teorizou em 1920 no texto "Além do Princípio do Prazer" duas constituições de ego que fazem parte do nosso eu: o "ego ideal" e o "ego real". Estes conceitos dizem, a grosso modo, o seguinte: o ego ideal é aquele que nos preenche de coisas que achamos ideais para nossa vida (usando o exemplo do filme, onde Holly achava que o ideal era ter um bom status e dinheiro), mas que não condiz com a realidade posta; e o ego real, que é a constituição de um "eu" que se baseia a partir daquilo que se existe de real em nossa vida, ou seja, ele usará aquilo que "tem" e o transformará em novas experiências e vivências (assim como Paul, que tinha consciência de sua condição e de seus sentimentos, mas que não o impossibilitaram de buscar o que desejava).
Sendo assim, Paul, inserido naquela realidade que viviam e consciente de todas as dificuldades e do verdadeiro desejo de Holly (que também era estar com ele), mostrou o quanto ela estava se aprisionando pelas correntes construídas por seu ego ideal.
E foi aí, na última cena do filme (que trago ao final dessa postagem mas que não exclui a possibilidade de conhecer todo o longa) quando percebi o quanto esse assunto se mostrou latente e necessário para os últimos dias que passaram em minha semana.

O ser humano e suas "prisões"
Quando falamos de prisões e de ideais que construímos em nossa vida, estamos falando de todos os sujeitos, pois dificilmente existe alguém que não sofra com suas convicções e desejos os quais se mostram incompatíveis com a realidade posta. Porém, podemos falar também sobre um conhecimento e aceitação da realidade (que pode ser vivido por qualquer ser humano) que ameniza e liberta o sujeito do sofrimento, o qual é gerado quando conscientiza-se de que não pode ter ou ser aquilo que deseja.
Estar consciente da realidade que nos cerca, apesar de não parecer, é menos doído do que viver num mundo de fantasias. Ao menos essa dor tem um sentido e nos ensina a viver com aquilo que nos é possível e apresentado. Desta maneira, podemos então pensar o quanto ainda somos "autorizados" a nos libertar de tais prisões.

Refletindo...
Quando terminei de assistir o filme e me lembrei da coluna do jornal, entendi que aquilo estava "me sendo dito" por estar justamente nessa transição.
Deixar cair o véu que embeleza e camufla nossa vida é dolorido, porém isso traz consigo prazeres efetivos os quais nossos ideais não nos proporcionam. Buscar o ideal é viver em função de algo inalcançável, é justificar que o outro (sujeito ou objeto) é sempre melhor do que aquilo que possuímos no presente momento.
Essa experiência dolorida (como qualquer outra experiência) nos ensina o que podemos fazer com o que a vida nos proporciona neste instante. Viver, e não mais fantasiar.

Acho que, para uma boa reflexão, cada um não deveria se perguntar qual sua prisão, mas sim qual a realidade que lhe é apresentada no "agora".
Acredito que só dessa maneira é que talvez consigamos sair das fantasias que nos escravizam, para a vivência de experiências que estão a disposição em nossa vida, sejam elas amargas ou doces, porém experiências REAIS.
Taí, um grande desafio que demanda tempo e coragem, mas que no final, vale muito a pena!
Me sinto feliz por estar nessa transição, mesmo que ainda me perca no caminho.

E para terminar, deliciem-se com o link da parte final do filme: https://www.youtube.com/watch?v=gVOciQo_4bE



Informações sobre o filme "Bonequinha de Luxo"
Título Original: Breakfast at Tiffany's
Ano: 1961
Diretor: Blake Edwards
Gênero: Drama/Comédia
País: Estados Unidos
Duração: 1h 55min
Sinopse: Holly Golightly (Audrey Hepburn) é uma garota de programa nova-iorquina que está decidida a casar-se com um milionário. Perdida entre a inocência, ambição e futilidade, ela toma seus cafés da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany`s, na intenção de fugir dos problemas. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), um jovem escritor bancado pela amante que se torna seu vizinho, com quem se envolve. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que contraria seus objetivos de tornar-se rica.
Assista online: http://reviufilmes.blogspot.com.br/2013/08/bonequinha-de-luxo-filme-online.html

Abç... Patrícia.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O primeiro de muitos...

Hoje venho com a indicação de um filme que caiu muito bem para a fase a qual estou passando.
Num dia desses, aleatoriamente escolhi assisti-lo. De repente, vi que estava vendo um filme parecido com o da minha vida.



O longa conta a história de uma família que está passando por mudanças inerentes ao seu processo de envelhecimento. Constituída por um casal (Robert e Marie) e seus 3 filhos (Fleur, Raphael e Albert), a história começa quando o filho mais velho, Albert, decide sair de casa. E com isso, as frustrações dos pais e a saudade dos irmãos começam a tomar lugar.

O desenrolar deste longa é recheado com episódios que contam os conflitos que o amadurecer e suas mudanças ocasionam em uma família. Foi gostoso assistir tudo isso e pensar no movimento de minha irmã sair de casa. A dor no peito é grande, e me senti como os irmãos de Albert, que ficam com a sensação de um pedaço a menos ao seu lado. Todas as lembranças, as sensações, os risos, as brigas e o convívio passam junto com a história em sua cabeça, e senti que estava passando por tudo aquilo junto com aquela família.

Retratos, mortes, despedidas, abraços, amores, angústias, diários, brigas, beijos, e tudo aquilo que um convívio familiar pode nos proporcionar. A dor da "partida" e do distanciamento é forte, mas começamos a entender o quanto isso é inevitável. Poder assistir essa história nos acolhe e nos mostra que o laço afetivo que liga seus membros é mais forte que toda esta dor da separação.
Ao final, o choro veio junto, mas entender que tal amadurecimento e mudança é indispensável para nosso crescimento pessoal se torna confortante.

Deixo essa indicação para o dia de hoje, pois além da história, existe o bônus de ser um filme francês com toda sua maravilhosa fotografia, foco nada convencional e humor tímido e agradável. Se alguém estiver nesse processo, assim como eu, irá adorá-lo! Ou, no mínimo já viveu ou viverá tal processo nessa vida, caindo também como uma luva!



O primeiro dia do resto da tua vida
Título original: Le Premier Jour Du Reste De Ta Vie
Direção: Rémi Bezançon
Gênero: Drama
Tempo de duração: 114 minutos
Ano de lançamento: 2008
País: França
Sinopse: Marie-Jeanne e Robert Duval têm três filhos: Albert, Raphaël e Fleur. O retrato da sua família é delineado ao longo dos anos, em apenas cinco dias muito particulares. "O primeiro dia do resto da tua vida", ou cinco dias decisivos, numa família de cinco pessoas. Os cinco dias mais importantes que todos os outros, em que nada será como dantes.

Abç... Patrícia.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O poema da menina


Há algumas semanas atrás, mexendo em papéis guardados no fundo do guarda-roupa, achei um tesouro. Um tesouro meu, pra mim mesma.
Foi quando percebi que meu gosto por escrever vem de pequena.

No meio de tanta coisa, encontrei capítulos de um livro que escrevia, e algumas poesias que fiz num momento de paixão para uma pessoa que "gostava" no momento em questão.
Como fiquei me sentindo presenteada com registros meus de tanto tempo atrás, que nem sabia mais que existiam, resolvi compartilhar aqui um dos poemas que escrevi.

Porém, adianto que não encontrarão uma escritora cheia de dotes literários, afinal, só tinha meus 12 anos de idade. E sobre o amor, talvez ainda não soubesse o que ele significa, mas estava na tentativa de descobri-lo.
Apenas a ousadia da escrita é que levo em consideração e trago na postagem de hoje.
Me orgulhei de mim mesma. Da ousadia, da sublimação.
Abç... Patrícia.

Por quê?

Por que eu não posso
te ver todos os dias?
Por que não te tenho
em meus braços?

Por que eu só sei
dizer: eu te amo?
Por que não durmo
sem chorar?

Por que choro?
Por que não te vejo todos os dias?
Por que digo eu te amo?
Por que quero você em meus braços?

Me explique,
quero saber,
não aguento mais
tanto sofrimento.

Pode não parecer
que tenho esperança
em relação a você
mas dentro de mim sei disso!

Por que ela e não eu?
Por que eu sofrer e não ela?
Por que ilusão?
Por que tenho raiva dela?

Por quê?
Porque não sei.
Não sei o quê?
Esperar?

Esperar?
Quanto?
Bastante?
Pouco?

Não importa,
esperar faz parte da vida,
e eu faço parte da vida
e faço o que ela manda!

Ela me mandou esperar.
Estou há muito tempo
cumprindo isso,
e ainda não me cansei.

Espero, o tempo que for preciso,
o tempo que precisar.
Por você não tem problema,
vivo até não poder mais esperar.

Por que isso?
Porque te quero.
Por que amor?
Porque te espero!

Patrícia Olandini - 09/09/2000 - 12 anos

terça-feira, 23 de julho de 2013

Mudança

Por motivos de compromisso e falta de tempo hábil, as publicações semanais do Catexizando serão transferidas para as quartas-feiras!
Amanhã tem publicação fresquinha! É só clicar!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sua essência é seu perfume

Hoje estava voltando pra casa refletindo sobre algumas pessoas, mas não sabia exatamente sobre o que. No caminho, comecei a reparar no perfume de uma mulher que estava ao meu lado, e ao mesmo tempo em que ela emanava um cheiro doce, sentia-se também um resquício de suor, como alguém que estava há muitas horas fora de casa.
Durante os poucos minutos que estive ao seu lado, ouvi-a conversar ao celular. Era uma pessoa doce, simpática, simples e espontânea.
Foi de repente que entendi no que estava pensando: na essência das pessoas. Comecei a pensar em pessoas que me rodeiam atualmente e o quanto elas são ou não agradáveis para mim, assim como um perfume.

O perfume, como talvez a maioria já tenha percebido, desperta em cada um, uma reação diferente. Alguns gostam de perfumes cítricos, outros, de perfumes com essências mais adocicadas, e assim por diante...
Tem também aqueles perfumes que nos agradam imensamente ou que dão dores de cabeça tão fortes que nos perturbam um dia inteiro. E assim, cada pessoa tem sua preferência.

Mas o perfume, nada mais é, do que uma junção de essências. 

Sem querer, sentindo o perfume da mulher que estava ao meu lado, comecei a pensar o quanto uma analogia tão simples e previsível pode dizer muito sobre as pessoas.
Cada atitude, gesto, palavra ou ação carrega consigo uma parcela da essência de alguém. Algumas nos agradam, outras nos enjoam ou outras desprezamos, porque resultam do que suas essências provocam em nós.
Gostar de coisas simples, sinceras e espontâneas vão agradar aqueles que compartilham disto. Gestos vazios, infelizes e sem brilho, irão atrair aqueles que emitem os mesmos sinais. É assim como nossos gostos para os perfumes: cada um irá gostar daquilo que lhe satisfaz e faz sentir-se melhor.

Foi assim que entendi como passei a selecionar as pessoas que estão ao meu lado nos últimos tempos: pelo seu perfume, tão agradável quanto sua essência. Um perfume que não se sente olfativamente ou está a venda em qualquer loja, mas sim, um perfume que carregamos conosco e que conquista o outro com nossas ações.

Enquanto a mulher que estava ao meu lado falava, e eu sentia o seu perfume, comecei a talvez entender o porque de tanta mistura. Pensei no quanto somos repletos destas misturas, e senti também que talvez pudesse estar ao lado de alguém o qual mantém sua essência doce, apesar do dia pode ter lhe trazido tanto cansaço.
Um perfume que se manteve agradável. Provavelmente um leve resultado daquilo que emana sua essência.

Percebi então o quanto estes gestos tão simples puderam me ajudar a entender aquilo que tanto estou procurando nas pessoas, mas não conseguia nomear: essência!
Aquilo que cada um possui, independentemente de desejar ou não. Algo que nos atrai ou nos repele. Algo tão simples, mas tão revelador. Algo que nos faz entender, através de pessoas, o perfume que tanto buscamos... 

...o perfume da vida!

Sentindo...
Sentir o"cheiro" das pessoas nos ajuda a selecionar aqueles que desejamos ao nosso lado. Semelhantes.
Hoje, minha essência talvez esteja um pouco cítrica mas mantém com pitadas um tanto quanto doces.
E a sua, como está?

Abç... Patrícia.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

As pálpebras e os encontros

Ontem assisti a um filme que me fez pensar bastante em qual era a essência de sua história.
Fiquei com duas opções em minha cabeça, e sobre elas irei discorrer brevemente.



O filme em questão chama-se "Pálpebras Azuis" (Párpados Azules em espanhol), e conta a história de uma moça, Marina, que ganha uma viagem para a praia, com direito a um acompanhante. Entretanto, Marina é uma pessoa sozinha, sem amigos ou familiares próximos. É quando se encontra com Victor, um colega de escola que vive similarmente a protagonista.
E com o objetivo de viajarem juntos, começam a se conhecer. Saem, dançam, jantam juntos. Porém, as feições não esboçam prazeres ou muitos sorrisos quando estão um na companhia do outro, tornando-se algo mecânico, superficial.

Fiquei o filme todo torcendo para que dali saísse uma história de amor fervorosa. É nesse ponto que os filmes alternativos nos enganam, ou na verdade, nos colocam na realidade.
Por que o amor precisa ser sempre cheio de brilho no olhar ou efusividades nas feições? As vezes ele nasce da onde menos esperamos.
E assim tentei entender se, ao final da história, aquele era um amor discreto, ainda com seus pudores ou, um medo da solidão que ocasionou o encontro de duas pessoas tão sozinhas.

A segunda opção me chamou muito a atenção, pois vejo quase que diariamente situações em que pessoas se sujeitam a qualquer relacionamento pelo simples (e forte) medo de envelhecerem sozinhas.
Numa grande parte da história, acreditei que aquele era um amor contido, mas ao final dele continuei com minhas dúvidas. Será que essa era mais uma história onde a condição de viver sozinho é fortemente inaceitável, mesmo que não declarado? Ou o amor se manifesta nas atitudes mais simples da vida?

Talvez as duas opiniões se mantenham fortes até o fim do filme, pois ele é um mesclado de descobertas com apreensões. Mas o fato de se permitirem ao encontro possa ser o brilho nos olhos que tanto esperamos encontrar nas histórias em que vemos ou assistimos. Pois o amor poder estar aí, como disse nosso querido e eterno poeta Vinícius de Moraes... "nos encontros"!!

Mas como cada experiência e opinião é única, nada como poder assistir ao filme para obter a sua!
A fotografia e as expressões do filme são muito fortes, mesmo sendo tão simples. E a beleza de Marina, tão apática em alguns momentos, é de se encher os olhos!
Fica a dica para quem gosta de filmes alternativos, com um bônus por ser latino-americano!

Título Original: Párpados Azules
Sinopse: Feliz ganhadora de uma viagem para dois à paradisíaca Praia Salamandra, Marina se dá conta de que não tem com quem compartilhar o prêmio, assim que convida a um antigo companheiro de colégio a acompanhá-la.
Duração: 98 min
Gênero: Comédia, Drama
Direção: Ernesto Contreras
País de Origem: México
Ano: 2007
Não recomendado para menores de 12 anos



Assista online: http://reviufilmes.blogspot.com.br/2013/03/palpebras-azuis-filme-online-legendado.html

Abç... Patrícia.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Clássicos e Cults Online

A postagem de hoje é breve mas muito rica.
Há tempos que venho procurando sites com filmes online (pois não sou muito fã de baixar arquivos), e o único site que encontrei e estava usando ultimamente era preenchido apenas por filmes hollywoodianos. Apenas uns ou outros eram clássicos, mas era muito difícil de se encontrar.
Até que nesse fim de semana, numa pesquisa simples e rápida no senhor Google, descobri um site muito bom chamado "Reviu Filmes", totalmente preenchido por filmes clássicos e cult.

Como assistir?
Para assistir o filme escolhido, é só clicar no vídeo que aparece logo abaixo do cartaz, o qual já possui o filme completo. Alguns só começam após você clicar em alguns links de propaganda, mas fique tranquilo que não contém vírus!

Fui salva nesse final de semana, e não por qualquer filme melodrámatico que encontramos por aí.
Com diretores como Martin Scorsese, Woody Allen, Alfred Hitchcock, Almodóvar em diante, e com filmes da década de 1940 até os anos 2000, dá para se deliciar e aproveitar várias horas do final de semana!
O que também vai render futuras postagens críticas de filmes aqui no blog!



E como palavra de alguém que já passou por muitos sites, esse eu digo que vale muito a pena!!!

Segue o link. Aproveitem!!
http://reviufilmes.blogspot.com.br/

Abç... Patrícia.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Senso comum. O meu, o seu e o nosso.


Praticamente todos os dias em nossa sociedade, nos confrontamos com um dificultador já enraizado culturalmente e poderosamente persistente: o senso comum.
Ele está em todos os lugares, em todas as pessoas, em todas ações, em todos os pensamentos, em todos os olhares, em todas as palavras e em todas as profanações, por mais tímido que seja.

O senso comum nos acompanha desde o nosso desenvolvimento.
Quando somos apresentados a nossa cultura e ao nosso meio, somos apresentados também a julgamentos pré-concebidos sobre determinadas pessoas ou situações, sempre tendo uma resposta distorcida para a reação de uma ação.
O grande problema deste raciocínio, que se julga muito lógico e detentor da verdade, é que ele desconhece o trajeto e os possíveis desencadeadores destas reações.

Para tentar explicar-lhes isso, vou ilustrar uma situação vivenciada em minha própria vida.

Quando era mais nova, não podia ouvir falar na "galera dos Direitos Humanos". Sempre que estava assistindo algum noticiário sobre prisões de criminosos, logo em seguida vinha a notícia de que a "galera dos Direitos Humanos" havia entrado no caso para interceder pelo "bandido". Não conseguia me conformar com o que aquela "galera" estava fazendo ali, se intrometendo, já que o indivíduo estava pagando por um ato ilegal ou criminoso que cometera. Passei a achar que a "galera dos Direitos Humanos" defendia bandidos.
E foi assim, por anos em minha vida.

Estudei, me formei e minha concepção sobre os indivíduos, as políticas e as questões sociais foram se alterando.
Ironicamente (ou não tão ironicamente assim), há 6 meses atrás, entrei para trabalhar com a "galera dos Direitos Humanos", e percebi que estava ali por puro e extremo desejo de estar.

Foi conhecendo essa "galera" que de repente eu comecei a conhecer um pouco mais sobre o meu senso comum. Comecei a conviver com o pessoal que defendia bandidos há alguns lá atrás na minha vida, e foi aí que eu entendi porque diabos eles faziam isso. Fui conhecer famílias, indivíduos e realidades que não eram contempladas na mesma reportagem que anunciava que a "galera dos Direitos Humanos" estava defendendo "gente errada". Fui conhecer histórias fortes, bairros abandonados, grande pobreza e o descaso do Estado com humanos. Fui (tentar) entender o porque de tanta coisa "ruim" que vemos em nossa sociedade.

E de repente lá estava eu, a "psicóloga dos Direitos Humanos" que conseguia enxergar esses indivíduos com histórias sofridas, com famílias destruídas e sem acesso aos seus direitos que se "filiaram" ao grande mundo da criminalidade. A mesma criminalidade que você critica quando vê na TV, mas que coloca o prato de comida numa casa quando o dinheiro não deu.
Você entende porque o assistencialismo é mais buscado do que a assistência e porque a classe média ou alta julga uma realidade que não conhece.

Pra você perder seu senso comum, meu caro, só estando do outro lado para saber.

Hoje, não apoio ou justifico a criminalidade, mas entendo o motivo dela existir. Hoje, eu sou uma pessoa que defende e busca o cumprimento dos Direitos Humanos, para aqueles que foram esquecidos e são merecedores. Hoje, eu não consigo mais olhar a reação de uma ação, mas entendo (ou no mínimo tento) quais foram os desencadeadores para tal. Hoje, eu entendo que "a galera dos Direitos Humanos não defende só o pobre", mas sim defende aqueles que se tivessem seus direitos garantidos, não seriam tão marginalizados.
Hoje, eu entendo que o seu, o meu e o nosso senso comum é que nos ajudou a fomentar a criminalidade. Culturas escravagistas ainda à parte, não?!

Hoje, eu, Patrícia, sou feliz por poder romper com meu senso comum em muitos sentidos. Por me permitir, mesmo que sendo muito difícil e doloroso, a conhecer realidades as quais me denunciam quem são os verdadeiros culpados. Hoje me sinto gratificada por conhecer esse "outro lado". Hoje ainda sofro desse senso comum tão enraizado em nossa sociedade, mas sei como posso fazer para dissolvê-lo.

E sei também que enquanto continuarmos culpabilizando um cidadão, aqueles que detém o poder político sempre serão isentados de suas faltas. Enquanto não quebrarmos nossas correntes morais, nunca conheceremos o bom senso e sempre sofreremos desse senso tão comum, que perpassa as relações humanas.

E para você, que sempre coloca a pobreza à margem, pense duas ou até mais vezes quando for criticar a marginalidade, pois ela apenas estará correspondendo a sua investida.

Abç... Patrícia.


sábado, 22 de junho de 2013

Nosso filtro é nossa arma!

Nesta semana, como já havia publicado numa postagem curta, minha adrenalina estava a mil referente as manifestações que ocorriam por todo Brasil. Sempre fui interessada em movimentos sociais, e ver tudo isso acontecendo novamente me fez lembrar (acredito que não só eu) nas grandes revoluções que tivemos em nosso país, principalmente a grande revolução contra a Ditadura Militar.
Fiquei numa tensão tão grande, que minhas noites se resumiam em acompanhar ao vivo os protestos em São Paulo e pelo Brasil afora. Mas foi ontem que algumas coisas começaram a borbulhar em minha cabeça...

Quando tudo começou, a partir do aumento das tarifas de ônibus, a luta foi pela redução do preço. De repente, o Brasil não estava mais lutando por centavos, mas sim por direitos. Um "objetivo" digno, já que nesse país os direitos são mais violados pelo Estado do que possamos imaginar. Então foi assim que muitas pessoas começaram a ir às ruas, para pedir um "Brasil melhor". Mas este clamor se tornou um tanto quanto amplo, e no decorrer dos acontecimentos começaram (o facebook teve grande participação) a se delinear algumas metas.
Com a música-tema da Fiat, fomos às ruas para gritar, cantar, reivindicar, criticar e se exaltar. Criticamos partidos políticos, a rede globo, a polícia, a presidente, o ex-presidente, a PEC 37, a copa, e por aí vai... E quando percebemos, estávamos completamente inseridos em afirmações e exclamações que muitas vezes não vinham de nossa própria opinião.

No início dos protestos eu estava totalmente contra a manifestação de partidos políticos nos movimentos, levando em consideração a fala de que não tínhamos partido nenhum, apenas éramos brasileiros lutando por um mesmo ideal.
Particularmente, hoje não possuo nenhum partido político. Fui por muito tempo simpatizante de um partido de esquerda, mas que hoje configura-se de uma outra maneira, com a qual não mais me identifico. E então passei a maior parte da semana criticando os partidos socialistas envolvidos nos protestos.
Quando comecei a ler mais artigos e opiniões sobre o assunto, também pude perceber o quanto essa "aversão a partidos políticos" é forjada pela mídia. É gritante a maneira como os interesses políticos se confrontam e se aproveitam da movimentação do povo. Mas o que/quem configura ou determina o papel destes partidos políticos? Não seria papel deles se inserirem e fazer parte do povo nestes movimentos?
Continuo sendo apartidária, porque hoje não (re)encontrei um partido que represente minhas ideias, até porque, CONFESSO, passei muito tempo desinteressada em "políticos". Mas respeitar aqueles que já possuem o seu, precisa continuar fazendo parte dessa democracia. Mantenho o discurso de que não gosto quando vejo pessoas se aproveitando da inocência de alguns, para atingir movimentos de outros ideais políticos, mas isso infelizmente dependerá do discernimento de cada um.

E lá nós continuamos, indo para às ruas cantando a música da Fiat, tema da copa (que diga-se de passagem foi até um bom trocadilho contra o capital!).

É quando começamos a ler melhor, discutir melhor e refletir melhor, que percebemos o quanto somos influenciados midiaticamente.
Hoje, além de não ser tão crítica quanto aos partidos, já não sou mais contra a PEC 37 (com argumentações à parte, pois não estou aqui para convencer alguém sobre isso).
Mas isso é importante para mostrar o quanto os meios de comunicação, por mais desinteressados que se possam declarar, sempre fazem a massa seguir sua linha de pensamento (que muitas vezes não condiz com a realidade), e são eles quem dizem quais as 5 causas pelas quais você deve lutar para ter um país melhor.
E no meio de tanta informação, de tanta gente e de tantos palpites, as pessoas se perdem cada vez mais. Eu mesma me senti tão perdida no final desta semana que já não sabia mais pelo que estava lutando.

Na minha cidade, houve um manifesto no dia 20/06 (quinta-feira) que lutava inicialmente pela redução da tarifa do transporte público e pela redução do aumento salarial dos vereadores (66%). E lá fui eu pelas ruas, com a cara pintada de verde e amarelo e pedindo por políticas públicas eficientes e por direitos. Mas que políticas? Quais direitos?
A cidade estava tomada por mais de 20 mil pessoas. Um movimento tão bonito e nunca antes visto por aqui. Pessoas com cartazes, com máscaras, com caras pintadas, com apitos e com sorrisos no rosto. A cidade parou, não era carnaval, mas conseguiram fazer deste dia um movimento parecido.
Tantas coisas reivindicadas, que eu já não sabia mais pelo que estava pedindo. Claro que o movimento tomará forma no decorrer do tempo, mas me perguntei insistentemente no dia seguinte: pelo que eu realmente lutei naquela quinta-feira?
Conversando com um amigo ontem, percebi o quanto eu não sabia pelo que efetivamente eu estava lutando. A revolução contra a ditadura militar está estampada em todos os lugares nos protestos de hoje: fotos, músicas e mensagens, mas será que nosso contexto histórico atual pode se assemelhar àquela revolução? Será que estamos mesmo sendo enganados e prestes a sofrer um novo golpe militar? Será que o movimento de depredar o patrimônio público seja um vandalismo daquele que foi depredado pelo Estado a vida inteira?

A questão é que o movimento todo tem sim sua grande parte positiva. O "gigante que acordou", expressão também usada na revolução de 1964, nos mostra nos dias de hoje que o povo está realmente cansado de tanta impunidade e do descaso com a saúde, educação, habitação e transporte, e que hoje clama por um governo diferente. Objetivos e metas que vão se estabelecendo e tomando formas durante todo este movimento, mas que ainda carece de um filtro e de maiores informações.

Ser tomado pelos meios de comunicação nos ajuda a esclarecer muita coisa e entender pelo que estamos lutando, mas deixar que isso nos contamine por completo é um grande perigo. Buscar os dois lados da moeda é praticamente imprescindível, porque lembre-se: por trás de grandes informações publicadas, existe alguém que também possui seus interesses ou suas digitais políticas, sejam elas as mais apartidárias possíveis. E usar nosso filtro, por menor que seja, é a melhor arma que podemos ter conosco neste momento!

Termino com um vídeo muito interessante que assisti ontem, do prof. da Escola Social da UFRJ - Mauro Iasi que talvez possa nos "confortar" sobre a falta de direcionalidade que ainda se apresenta nestes movimentos, e da participação dos partidos políticos nos protestos.
Terça-feira estarei de volta!


Abç... Patrícia

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Vem pra rua!

Desculpem-me pela falha na postagem desta semana, porém, minha adrenalina com todas estas manifestações está a mil! E conseguir ficar por uma hora escrevendo uma publicação seria uma violência física e psicológica comigo mesma.
E também porque, estes são os dias (espero que apenas os primeiros) de irmos para as ruas e fazermos nossa história! Chega de impunidade, chega de corrupção, chega de descaso! Objetivos que vão se alinhando e tomando forma.

O Catexizando volta na semana que vem com a publicação, claro, das manifestações que explodiram em todo Brasil nesta semana.
E você, aproveita e VEM PRA RUA!

São Paulo - 17/06/2013

Abç... Patrícia.

terça-feira, 11 de junho de 2013

(Des)cobrindo-se

Confesso que em algumas terças-feiras penso bastante no que vou escrever, e hoje foi mais um desses dias. Porém, não escolhi a terça-feira pra publicar por puro e extremo acaso.
Hoje refletindo no que escrever, pensei no quanto tenho me encontrado ultimamente e que poderia falar sobre isso.
É uma coisa meio estranha, tipo se encontrar num esconde-esconde debaixo do cobertor ou algo parecido, daqueles que só dificultam sua vida, mas é que tão gostoso quando você encontra alguma coisa (ou alguém).



E foi procurando no meio dos cobertores que fui (des)cobrindo.

Nos encontrarmos com nós mesmos exige muita disposição, e disposição interna. Não posso me encontrar por/ou em outro alguém, como vejo muitas pessoas fazendo. O dia dos namorados tá aí, e as mensagens que vejo pelas redes sociais ou falam de como as pessoas se completam no outro, ou como se sentem "satisfeitas" (sim, podem imaginar uma ironia nestas aspas) em estarem sozinhas sem ninguém para gastar seu dinheiro ou para roubar seus queridos finais de semana.
Como já havia escrito em "E o amor, onde é que está?" e "Real ou Ideal?", aquilo que procuro está mais em mim do que no outro. E toda essa procura acaba se tornando um caminho sem direção ou tentativas em vão.

Pô, se encontrar, apesar de todo o trabalhão que dá, é legal!
Saber das coisas que você gosta, que não gosta, de quem te agrada realmente ou não, que comida é mais saborosa, que roupa cai melhor, o que te dá preguiça ou entusiasmo, o que realmente é ser sincero, e poder dizer sim ou não quando realmente estiver a fim, não tem preço que pague ou pessoa que substitua.
E nessas (des)cobertas, fui vendo do que realmente gostava.

E enquanto eu pensava no que escrever, coloquei pra tocar uma música que achei a minha cara desde a primeira vez que ouvi. Não pelas atitudes exageradas, mas pela sinceridade da letra. Algo sem censura ou medo, só vontade de se atrever.
A música é da cantora Clarice Falcão, que anda sendo escutada por um canto aqui ou ali, ou que é conhecida pelos vídeos no canal do youtube "Porta dos Fundos". Gostei da melodia, das letras e da sinceridade de alguém que me parece falar dela e exclusivamente dela. Vá lá que a indústria musical também visa o lucro e a aprovação do capital, mas não achei que esse tipo de letra fora lançado para agradar "a geral".
É como algo pra expressar as coisas mais doidas que a gente pensa. E que pensa mesmo.
E a arte tá aí pra nos ajudar a expressar alguns devaneios sem precisar concretizá-los.

Aproveito pra deixar a indicação do CD da Clarice "Monomania", que é bem gostosinho de ouvir e dá pra sentir um clima de romance nas letras também. Tão espontâneo quanto me sinto nos últimos tempos.
Se um dia em minha vida fosse gravar um CD, esse talvez seria um com a minha cara.
Mas melhor que tudo isso, com ou sem indicação, é poder descobrir a nossa espontaneidade.

E calma, dia dos namorados tá aí, mas ninguém precisa se desesperar. Deixa aquela colega curtir com o companheiro, sem precisar roer os cotovelos, e aproveita pra passar o dia de outro jeito! Fique na fossa, saia dar risadas, ou simplesmente não faça nada e se desprenda disso, mas faça aquilo que você realmente deseja, sem achar que é o ser humano mais infeliz por estar sozinho. Não se deixe influenciar pelas datas criadas pelo capital e vá viver da melhor maneira que você encontrar! Porque a vida tá passando, e seus momentos (com você) também.
E estar sozinha, é pra mim, apenas uma questão de ponto de vista! Se é que você, depois de tudo isso que escrevi, me entende...

Pra terminar, a tal música da Clarice como tira gosto!


Abç... Patrícia.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Chora sanfona!

Para iniciar o mês de São João, vou começar com o nosso querido rei do baião.
Reflexões a parte, hoje venho com a indicação do filme que conta não só a história de Luiz Gonzaga, mas também um resgate da história entre o pai e seu filho Gonzaguinha.


O filme foi lançado no ano passado em homagem ao centenário do rei, porém só pudi assisti-lo recentemente.
Esperei um filme biográfico, mas além disso ganhei o prazer da trilha sonora (lógico) e também a história da busca de um pai, ausente, porém tão desejado. Gonzaguinha não procura um pai provedor, que fornece tudo aquilo que é necessário materialmente, mas um pai afetuoso e presente. 
Do outro lado, vemos um pai que veio lá do sertão, cresceu com outros princípios e visões, e tinha pra si que um bom pai era aquele que colocava a comida no prato e nunca deixava nada de bom faltar.
Duas pessoas que se perderam num caminho paralelo, mas que buscavam o mesmo destino.
Poder ouvir o outro e acolher seus anseios, angustias e expectativas é um passo para cruzar estes caminhos.

Além de toda a história, a maneira como se despediram dessa vida também é muito tocante. Após a reconciliação, shows e uma convivência retomada, a morte do pai não conseguiu separá-los, e o filho foi logo ao seu encontro. Pra mim, a parte mais emocionante dessa linda história.

Vale a pena por tudo isso e mais um pouco. 
O mês de São João, das festas, das fogueiras, do baião e do rei, começou. E nada mais justo do que iniciar o post do mês falando de nosso querido Luiz Gonzaga, que fez a sanfona chorar de tanta beleza e emoção! Um artista (que fez do baião uma arte) que tocava para o povo numa laje ou em céu aberto porque seu gosto era tocar pra'queles que eram simples e estavam ali por sua música. 
Simplicidade uma vez adquirida e muito bem mantida, sempre presente e cativante.
E uma vez rei, sempre rei!


Informações sobre o filme:
Título: Gonzaga - De Pai Pra Filho
Gênero: Drama
Duração: 130 minutos
Origem: Brasil
Direção: Breno Silveira
Roteiro: Breno Silveira
Ano: 2012

Sinopse:
No Filme Gonzaga - De Pai para Filho Nacional Online, Um pai e um filho, dois artistas, dois sucessos. Um do sertão nordestino, o outro carioca do Morro de São Carlos; um de direita, o outro de esquerda. Encontros, desencontros e uma trilha sonora que emocionou o Brasil. Esta é a história de Luiz Gonzaga (1912-1989) e Gonzaguinha (1945-1991), e de um amor que venceu o medo e o preconceito e resistiu à distância e ao esquecimento.

Leia também no blog: "Cultura e Memória"

Abç... Patrícia.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Envelhecer pra quê?

Diante de tantas situações vivenciadas com idosos, me questiono cada dia mais como nossa sociedade está olhando para a velhice. Uma fase de nossa vida que desperta reações tão ambíguas.

Hoje a velhice (pois como matéria também envelhecemos), é chamada de "melhor idade". Começo por aí minha crítica. Usamos essa analogia para pensar que envelhecer não é ruim, o que pode realmente não ser. Mas sinto nessa expressão uma negação de um período onde a saúde se debilita, o corpo não possui mais a energia de antes e os cuidados muitas vezes dobram. Esquecemos que a velhice é uma nova fase que se inicia e que carrega consigo mudanças inevitáveis. Estamos em crise com nossos idosos. A expectativa de vida aumenta a cada geração, entretanto, não somos preparados para saber como lidar com ela. Não sabemos como lidar com familiares que se adoentam e que exigem mais cuidados. Nossa sociedade narcísica não está preparada para isso.
O capital nos ajuda a acreditar que ser saudável é ter um rosto sem rugas, uma roupa elegante e um bom porte físico mesmo com nossos 60 ou 70 anos. E assim, presenciamos cada vez mais pessoas negando sua chegada à velhice.

Reflexões sociológicas a parte, o que me preocupa é como estes idosos estão sendo tratados e cuidados atualmente. Ao mesmo tempo que uma conscientização é fomentada, muitos deles estão sofrendo o desprezo e o descuido, causados pela dificuldade de enfrentamento de pessoas próximas ou responsáveis por seu bem estar. A velhice é posta de lado. Os desejos materiais, psicológicos e sexuais são postos em questão, e o idoso se reduz a um simples instrumento guiado pelo outro. Sua lucidez ou teimosia são vistas como possíveis ameaças de quebra na ordem estabelecida.

A criação de asilos também desperta uma grande discussão: um lugar necessário para aqueles que são deixados de lado, sem ter para onde ir; e um lugar depositário de insatisfações familiares.
Será que não suportamos ver a debilidade do outro, ou não conseguimos lidar com nossa própria dor quando percebemos que não somos os deuses impostos pelo capital?

A ausência de políticas públicas efetivas também colabora para que todo este comportamento frente à velhice seja repetido. Possuímos um estatuto que garante seus direitos e deveres, mas sofremos a angústia de não encontrar um serviço criado para que esta lei seja aplicada.
Nas capitais e regiões metropolitanas os órgãos de defesa do idoso começam a ter um outro destino e se mostram à população. Porém, o descuido e maus tratos não são perpetrados apenas em cidades grandes. Ficamos atados, sem poder oferecer àqueles que se encontram extremamente vulneráveis, uma proteção que ofereça aquilo que prega.
Estamos fadados a reproduzir aquilo que abominamos e desejamos extinguir.

O olhar de que o idoso (em plenas condições físicas e/ou mentais) é capaz de responder e agir por si próprio também deve ser enfatizado. A infantilização e a responsabilização exacerbada à familiares também não significa proteção. Deixá-los se sentirem donos de suas ações e potencialmente capazes das mesmas, dá à eles o direito de usufruir as mudanças que esta fase proporciona e a continuidade da vida, que ocorre mesmo contra nossa vontade ou sem percebermos.
São pessoas que ainda desejam, que ainda sofrem, que ainda se alegram, que ainda se emocionam, que ainda erram e que ainda crescem. Que necessitam sim de cuidados especiais, mas que buscam a mesma coisa que a maioria de nós: poder viver, mesmo que a vida seja cheia ou não de complicações.

Pensar em como lidamos com a velhice é um ponto de partida crucial. Como tratamos e como aceitamos esta fase nos ajudará a identificar como se dão nossas atitudes frente a esta inevitável fase da vida.
Muitas vezes entrar em contato com essa dor, principalmente para quem vivencia tais situações, pode ser muito angustiante, amargo e desesperançoso, mas tenho certeza que esta reflexão traz consigo as mudanças tão importantes para aqueles que cada vez mais são mencionados, contudo cada vez mais esquecidos.

Como olharemos apenas para nossas crianças esquecendo-nos de nossos idosos, não ensinando-as a cuidar daqueles que representam seu futuro?
Lembremos que todos somos construções de conhecimento, de saberes e de experiência, e todos temos o direito de (no mínimo) desejar viver, principalmente, com dignidade.

"Envelhecer pra quê?
- Pra mostrar o quanto já vivi."

Abç... Patrícia.



PS: Para quem deseja obter mais informações sobre os direitos e deveres do idoso, acesse o Estatuto do Idoso criado em 2003. E também o Disque Direitos Humanos do Governo Federal (o Disque 100) que é um aliado no combate às violações de direitos perpetradas contra idosos.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Cultura e memória

Hoje venho numa rápida e extra publicação para compartilhar um site muito legal, o "Instituto Memória Brasil". Ele reúne um grande acervo histórico da música brasileira, com publicações, eventos, poetas nordestinos, dicionário gonzagueano e tantas outras coisas boas!
Além disso, o site compartilha as faixas de um novo projeto feito com composições do rei do baião!

Assis Ângelo, jornalista e responsável pelo Instituto, é um amante da cultura, e mostra através da música, o quanto ela é importante e faz parte da identidade de um país. O jornalista conta com relíquias entre publicações, CDs e LPs, que estão num acervo pessoal em sua residência em São Paulo.
Para visitar este acervo é necessário agendar visita e passar por uma triagem, pois o local ainda é particular. Existem projetos para que todo o material seja aberto ao público, mas como isso ainda não aconteceu e estamos um pouquinho longe do acervo, vale a pena dar uma boa xeretada no site, que é um prato cheio pra quem gosta de música boa!


"Feliz do país que não esquece o seu povo
Feliz do país que sabe o que é nação
Feliz do país que sabe o que é cultura
Feliz do país que não esquece de educar, de ensinar, de mostrar a grandeza do seu povo..."
Trecho do poema que nos recepciona na página.

Abç... Patrícia

terça-feira, 21 de maio de 2013

E o amor, onde é que está?


Na semana passada uma amiga pediu para que hoje eu escrevesse sobre o "amor". E aí fiquei pensando o que eu poderia escrever sobre isso, afinal, um assunto tão clichê, porém tão profundo.
E de repente parece que tudo o que foi acontecendo caminhou para uma reflexão sobre o assunto.
Comecei então a pensar no que o amor significa HOJE para mim. Acredito que nada mais verdadeiro do que quando aquilo que é compartilhado é sentido por você próprio.

Quando penso no amor, penso nas várias formas em que ele se apresenta.
Quando éramos mais jovens, a palavra "amor" nos remetia ao sentimento afetivo, naquele carinha legal que você curtia e com quem queria passar o resto de sua vida. Toda vez que pensava sobre o assunto, pensava no quanto era legal compartilhar esse sentimento com um namorado.
A partir de algumas experiências, a maioria delas frustrantes, pensei no quanto seria necessário procurar uma outra pessoa, que fosse mais "legal" ou "melhor", e que compartilhasse esse sentimento de forma mais intensa e terna. E nisso, fui pensando em como poderia ser diferente com esse ou aquele, e curiosamente, as histórias se repetindo. No decorrer dos anos, a minha concepção do amor foi tomando uma outra forma.

Passando um tempo sozinha comecei a questionar o que é o amor e porque ele é tão gostoso mas ao mesmo tempo tão delicado. Foi aí então que aprendi a primeira e mais clichê das lições: o amor começa primeiramente no nosso interior.

Isso até parece uma daquelas mensagens prontas compartilhadas em redes sociais, mas apenas quem já sentiu sabe como é. É nesta primeira "lição" que parece tão fácil onde mora o grande desafio. Um desafio que implica tantos enfrentamentos os quais você mal imaginava.
Poder então ficar sozinha com você mesma; aceitar que você não é aquela pessoa que por tantos anos idealizou em sonhos adolescentes; descobrir do que você realmente gosta ou não; descobrir o que você consegue fazer e o que você não vai aprender nunca; chorar ao entrar em contato com uma dor tão grande e tão sua; aguentar as horas entediantes que você passa apenas com você sem ter alguém do lado, e conseguir ouvir seu silêncio interior; e poder descobrir que você talvez possa ser sua melhor companhia.
Taí uma prática que não vem com mensagens compartilhadas, livros de auto-ajuda ou conselhos de amigos. Se amar, não é se impor ao outro, mas sim, aprender a ficar sozinha e gostar dessa companhia.

Depois desse grande passo você começa então a pensar naquilo que te rodeia. De repente, você sente uma grande necessidade de estar rodeada daquilo que te agrada e que te faz bem. Você então começa a perceber o que está recebendo e o que está devolvendo. Outro "passo" extremamente clichê, mas difícil no quesito perspicácia e dedicação. Muitas coisas que vivemos passam completamente despercebidas no nosso dia a dia, e reproduzir aquilo que já vivemos é a parte mais cômoda e rápida de se resolver as coisas.
Quando me questionei qual era minha maneira de amar, nesse estágio de reflexão, fugi do sentimento afetivo e pensei em todas as relações. E foi aí que eu não descobri. Porque amor a gente não descobre, a gente sente.

Senti então que amor nada mais é do que um grande respeito, uma grande liberdade. É aquilo que eu respondo quando não sou indagada, é aquilo que falo quando não sou instigada, é aquilo que ofereço quando não tenho nada. É aquilo com o qual convivo quando não deveria gostar, é aquilo que procuro muitas vezes onde não se tem, é aquilo que ensino quando nada sei. É simplesmente o oposto da ação e da reação e de tudo aquilo que se aprende em 3 ou 4 "lições" iguais as que apresentei até o último parágrafo. Porque o amor é assim. Você nunca vai retribuir quando receber, ou oferecer para ser privilegiado. Amor é mais do que aquilo que foi ensinado por seus pais ou pessoas queridas durante todos os anos de sua vida ou mais do que investidas narcísicas no espelho. É uma essência imutável mas que se transforma a cada dia. Está muito além de qualquer explicação consciente.

Amar é aceitar a completa diversidade que nos cerca e aprender a conviver com a angústia de que nem tudo será como a gente deseja. É sentir algo que não precisa de retribuição de um outro, porque a maior retribuição é o sentimento que cultivamos por nós mesmos. O amor é interno, é discreto e avassalador, é silencioso, devagar e é SEU.

Dispensei então, todas as lições de casa sobre o amor. Dispensei também todos os sentimentos superficiais. Sobrou apenas eu, a única coisa que eu necessitava e tanto me faltava.
E foi assim que descobri que ele está sempre onde menos procuramos, está numa das reciprocidades mais inviáveis das quais acreditamos e num dos lugares o qual nunca imaginamos.

Então meus caros, ler essa publicação ou qualquer outra sobre o amor, sinto-lhes informar, não irá lhes ajudar a descobrir ou ao menos sentir o que é isso. Porque ele está aí dentro, não aqui fora. É seu, e nunca será descoberto na leitura da descoberta do outro. Não está nos livros ou no cinema. Está apenas e exclusivamente em você!

Abç... Patrícia.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Isentando responsabilidades e encarecendo afetos

Diante de acontecimentos não só corriqueiros, mas frequentes para mim nos últimos tempos, refleti bastante no quanto a maioria dos pais vêm se ausentando de suas responsabilidades como tais, e transferindo para as crianças responsabilidades as quais não as cabem.
Quando nos deparamos com situações assim, acho que uma das primeiras coisas que se passam em nossa cabeça, é a possível causa dessas atitudes. Acho que o caminho realmente começa por aí, mas o que fazer depois que descobrimos onde e quando foi o estopim de tais atitudes?

Devemos então lembrar, que apesar de estarmos inseridos todos numa massa social, cada indivíduo difere do outro. Sendo assim, cada um reproduzirá ou conseguirá elaborar as situações conflitantes que viveu em sua vida de maneira diferente. Mas, um tanto de análises a parte, o que vejo ultimamente, e que muitas vezes me faz sabotar a parte em que reflito na causa de tal atitude, é o quanto os pais estão depositando em seus filhos responsabilidades que cabem a eles próprios.
É gritante o quanto crianças são vítimas de ofensas entre brigas conjugais e postas a todo momento num conflito psíquico que as rouba de toda sua infância e de toda a mágica e descoberta que circunda esta fase.

Crianças que a cada dia assumem o papel de cuidadoras, e pais que se ausentam de responsabilidades destinadas à eles. Uma grande e quase sempre (ou sempre) projeção no outro. Quantos aqui já não viram pais em situação de separação conjugal que depositaram nos filhos toda sua mágoa, sua raiva, seu inconformismo? Crianças que não são, e nem podem ser, recipientes de fracassos muitas vezes inerentes a um casal. Não muito longe disso, crianças de casamentos que persistem mas que insistem na transferência da culpa entre os companheiros.

Mais do que me perguntar o motivo de tais atitudes, acho que ficam mais gritantes as seguintes perguntas: Qual o tamanho do sofrimento desta criança? Quais os prejuízos que carregará consigo durante sua vida? Quais serão os momentos de sua infância que perderá e que não poderão mais retornar? Qual lacuna irá persistir?
Aquele que é frágil e indefeso é sempre o recipiente mais fácil para todas nossas frustrações, decepções e fracassos. A dor é tão grande que não cabe em nós, mas sim no outro. Superar é tão difícil e doloroso, que se torna mais prático que essa superação aconteça por outro. É sempre o "outro". Pena que a cada dia mais, este "outro" sejam nossas crianças, que muitas vezes crescem com idealizações equivocadas de relações e as reproduzem em suas vidas. Um ciclo quase interminável que acentua patologias, distancia as relações e encarece os afetos.

Pensar em como fomos criados, como superamos nossos conflitos e como reproduzimos isto em nossa vida é um passo muito importante para quebrarmos esse ciclo. Lembrarmos que as crianças são sim inocentes em relação à tudo aquilo que fazemos e sentimos, nos permite olhar mais para nossos atos e também permite que a mágica da infância seja proporcionada à elas sem violências desnecessárias.
Toda criança tem o direito de desfrutar da companhia de sua mãe ou de seu pai sem sofrer violência psicológica que a obrigue realizar uma escolha; de receber afeto e carinho de ambos, independente da situação conjugal; e de poder desfrutar das atribuições que lhe competem como CRIANÇA.



Talvez as ideias estejam um tanto quanto embaralhadas, mas é assim que me apresento hoje falando de um assunto que muito me incomoda. Penso que posso representar a confusão que acompanha tantos outros adultos que passaram por toda esta realidade.
Misturar a escrita com lembranças e afetos muitas vezes pode ter este resultado, mais sei o quanto este resultado também é aliviador.

Como gosto sempre de deixar uma indicação e acredito que isso nos ajude a refletir mais sobre o assunto trazido, deixo um filme que assisti recentemente chamado "Deus da Carnificina", que ilustra dois casais que se encontram para discutir sobre uma briga entre seus filhos. Pais superprotetores, relacionamentos abalados e transferência de culpas são realidades trazidas no filme, que é a reprodução de uma peça teatral já conhecida. Uma produção curta, mas que traz a dificuldade em assumir papéis e dividir responsabilidades entre companheiros.

Vale a pena utilizar da produção para refletir conflitos que se apresentam gritantes e crescentes em nossa sociedade e que precisam ser encarados com considerável preocupação, visando mudanças nos paradigmas culturais que corroboram para que estes conflitos persistam e sejam protagonistas nas relações parentais e conjugais, fortalecendo a isenção de responsabilidades e o encarecimento de afetos entre pais e filhos.



Informações sobre o filme:
Título original: Carnage
Duração: 80 minutos
Direção: Roman Polanski
Ano: 2011
País: EUA
Classificação: 14 anos

Sinopse: Os 80 minutos do longa se passam dentro do apartamento de Penélope e Michael, pais do garoto agredido pelo filho de Nancy e Alan durante uma briga num parque de Nova York. A fim de entender o que aconteceu, os quatro adultos resolvem se encontrar para uma conversa "amigável". Porém, apesar das intensões civilizadas, eles acabam se exaltando e a conversa toma rumos totalmente diferentes, resultando em discussões calorosas, xingamentos e a exposição do que há de pior em cada relacionamento.

Abç... Patrícia.